Tempestade política na Polónia com descoberta de míssil "provavelmente russo"
O anúncio da descoberta de um míssil "provavelmente russo" no território polaco provocou uma tempestade política em Varsóvia, com a oposição a gritar 'escândalo' e a querer a demissão do ministro da Defesa.
No final de abril, os restos de um "objeto militar aéreo" -- um míssil de cruzeiro russo KH-55, capaz de transportar ogivas nucleares, caído em dezembro, segundo a imprensa polaca -- foram encontrados por um transeunte na floresta perto de Bydgoszcz, no norte do país, a cerca de 500 quilómetros da fronteira oriental deste Estado membro da NATO.
O governo nacionalista populista, até agora silencioso sobre o assunto, fez hoje o primeiro comentário.
O ministro da Defesa, Mariusz Blaszczak, acusou o comandante das forças operacionais de ter negligenciado as operações de pesquisa dos restos do projétil e de não ter informado ninguém sobre o incidente. Mas Blaszczak não o demitiu ou suspendeu.
Acrescentou que os militares polacos e os seus colegas norte-americanos presentes na Polónia tinham acompanhado o voo do aparelho, incluindo a partir de aviões.
O primeiro-ministro, Mateusz Morawiecki, garantiu que só foi informado sobre o caso no final de abril, apesar de o chefe de estado-maior das forças armadas, o general Rajmund Andrzejczak, ter afirmado que avisou os responsáveis "no memento dos factos".
Na sexta-feira, o Serviço de Segurança Nacional (BBN), na esfera do presidente polcaco, Andrzej Duda, que, devido à Constituição, é o chefe supremo militar, realçou que as informações de que dispunha "não justificavam decisões pessoais no seio do comando das forças armadas".
Segundo o BBN, "nenhuma conclusão foi apresentada ao presidente", sobre este assunto.
Sem se pronunciar sobre as acusações formuladas contra si, o comandante das forças operacionais, o general Tomasz Piotrowski, apelou hoje "à razão", a "ponderar as emoções", dizendo que tinha "confiança" na justiça polaca.
O chefe da oposição centrista, Donald Tusk, estimou, por sua parte, que "a primeira decisão" a tomar deveria ser a demissão de Blaszcza, que, acusou, procura "esconder-se atrás dos generais".
Da esquerda, vêm denúncias de "mentira" e "manipulações" feitas pelo poder.
Os meios polacos adiantaram que o míssil tinha carateres em cirílico e não estava armado, o que não foi confirmado oficialmente até hoje.
A cidade de Bydgoszcz acolhe importantes forças militares polacas, instituições da NATO e fábricas de armamento.