Estacionamento caótico Pico Areeiro
Venho por este meio, fazer uma pergunta pertinente na minha profissão como guia intérprete:
- Será que é hoje que vou ficar presa no Pico Areeiro?
Ultimamente tem sido notícia nos meios de comunicação social e nas redes sociais, o estacionamento caótico neste ponto turístico da nossa ilha e com frequência, apontam as culpas aos autocarros de turismo: - “vêm todos no mesmo dia e à mesma hora!”
Talvez por falta de conhecimento, não saibam que os circuitos turísticos são repartidos durante a semana pelas agências, de acordo com os dias de chegada dos clientes e são concentrados numa semana porque é o tempo de estadia da maioria deles. E, ao contrário do que se afirma, não vão todos no mesmo dia… distribuem-se pelos 7 dias da semana. De facto, chegam quase todos à mesma hora, por termos um circuito a cumprir, pré-definido pela agência de viagens que vendeu a excursão ao cliente.
Esse circuito obedece a uma lógica de sequência geográfica dos pontos turísticos. Saindo do Funchal, vamos ao Areeiro e depois Ribeiro Frio e não ao contrário… Isso seria voltar para trás e os desvios extra, acarretam custos em combustível. Ao invés, podemos começar pelo lado Este e já é feito por muitas agências. Depois da paragem de almoço em Santana, subimos o Ribeiro Frio e vamos ao Areeiro, mas isso é outra incerteza... saber se a estrada vai estar desimpedida, até mesmo à tarde.
No Ribeiro Frio e no acesso ao Pico Areeiro, OS CARROS DE ALUGUER, multiplicam-se como cogumelos e as regras de trânsito são esquecidas, quando as pessoas estão de férias. É anarquia total: param nas curvas, dos dois lados, nas linhas amarelas, nas entradas pedestres, em cima das plantas, onde haja um centímetro vago, porque o que interessa é ver o que se quer e que se lixem os outros automobilistas. Neste caso, os autocarros ficam mais prejudicados, porque não têm espaço para as manobras.
Isto só seria resolvido se os carros que vão estacionar no Areeiro o dia todo para fazerem a caminhada ao Pico Ruivo, não ficassem no mesmo sítio onde param os que vão fazer a visita temporária, em média 30 minutos no miradouro. Os que fazem visita temporária, têm estadia de 30 minutos- 1 hora e deixariam o estacionamento vago a outro veículo, permitindo a rotatividade nos estacionamentos.
Existe sinalética no sítio destinado a autocarros, mas ninguém respeita, porque ninguém controla, nem ninguém é multado. Alguns dos turistas caminhantes vão de madrugada para ver o nascer do sol. Os carros de aluguer que permanecem o dia todo é que bloqueiam o estacionamento disponível, e não os autocarros, como sempre apregoam, até a própria polícia.
Nem as autoridades sabem ao certo quantos carros de aluguer existem na ilha. Uma atividade como o turismo também deve ter regras para todos convivermos em harmonia.
A solução talvez passe por uma barreira que só deixe subir os de visita temporária e controle, com limite de tempo para assegurar o cumprimento do mesmo, como se faz noutras ilhas turísticas, tipo Lanzarote, no acesso ao vulcão Timanfaya, ou numa solução mais imediata, colocar alguém com autoridade a orientar o estacionamento dos autocarros separado dos carros ligeiros dos caminhantes. Esta situação recorrente dá uma péssima imagem da organização do turismo da Madeira.
Fala-se em sustentabilidade do turismo, isto parece-me o oposto, uma autêntica massificação turística num lugar pequeno como o Areeiro, que muitos destinos já tentam evitar.
Se construírem mais estacionamento perto do Areeiro, deve-se tentar preservar ao máximo, o ambiente natural, evitando betão e asfalto e garantindo a permeabilidade da água. Aquele é um ponto de beleza natural única e não deve ser destruído. Uma alternativa é um estacionamento mais afastado para os caminhantes com carro de aluguer e disponibilizar transporte de transfer, como já existe no Rabaçal.
A pegada ambiental de tanta incoerência chegará um dia; património natural destruído, lixo e falta de água.
Sem outro assunto de momento, agradeço que as entidades competentes apreciem as minhas preocupações e tentem encontrar solução.
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