Trump rejeita condenação por abuso sexual e nega conhecer mulher que o acusou
O ex-Presidente dos Estados Unidos Donald Trump rejeitou, na quarta-feira, a condenação por abuso sexual de E. Jean Caroll, alegando nunca ter visto a jornalista.
Num encontro com cidadãos, organizado pelo canal de informação norte-americano CNN, o republicano ridicularizou a denunciante, que o acusou de abuso sexual num vestiário de uma loja em Manhattan, garantindo que o julgamento foi comprado, sem elaborar a alegação.
"Juro pelos meus filhos que não faço ideia quem é essa mulher. É uma história falsa e inventada", disse o republicano, condenado a pagar uma indemnização de cinco milhões de dólares (cerca de 4,5 milhões de euros).
Trump chamou Caroll de louca enquanto da plateia se ouviam aplausos e gargalhadas.
Donald Trump respondeu a perguntas da jornalista Kailtan Collins e de elementos da plateia sobre vários temas, incluindo sobre a invasão do Capitólio, as presidenciais de 2020, que perdeu para Joe Biden, a guerra na Ucrânia e o direito ao aborto.
Houve momentos de tensão entre Donald Trump e Collins, com o ex-líder dos EUA a chamar a jornalista de "pessoa desagradável", num momento recebido com aplausos pelo público.
O ex-Presidente repetiu, mais uma vez, as alegações de que as eleições presidenciais foram "manipuladas".
Sobre o 06 de janeiro de 2021, dia em que centenas de apoiantes de Trump invadiram o Capitólio - incidente em que morreram cinco pessoas - o político disse tratar-se de "um dia lindo e incrível".
"Foi a maior multidão com quem já falei (...) eles estavam orgulhosos e tinham amor no seu coração", notou, sublinhando que, caso tivesse sido eleito, concederia indulto presidencial a grande parte dos condenados.
"Estou inclinado a perdoar muitos deles", disse Trump, referindo-se às mais de 300 pessoas condenadas por vários crimes nesse dia, incluindo agressão, destruição de propriedade do Governo ou sedição.
O político republicano manteve uma relação tensa com a CNN durante o período em que esteve no poder (2017-2021), descrevendo repetidamente o canal de televisão como um difusor de "notícias falsas".
A decisão da CNN de transmitir o programa foi duramente criticada por alguns políticos democratas e analistas políticos, com o legislador Daniel Goldman a escrever no Twitter: "Porque é que a CNN organizou um comício de Trump?"
"Acho que foi uma decisão profundamente irresponsável (...) que colocou uma vítima de agressão sexual em risco e foi vergonhoso", disse a congressista Alexandria Ocasio-Cortez, em entrevista à estação MSNBC.
Trump confirmou na quarta-feira que pretende recorrer da sentença que na terça-feira o considerou culpado de abuso sexual e difamação de Carroll, que disse ter levado o caso ao tribunal "para limpar o nome e recuperar a vida", antes de dedicar a sentença a "todas as mulheres que sofreram".
Trump defendeu que o julgamento foi uma "farsa política" que se destina a prejudicar a recandidatura à Casa Branca nas eleições de 2024.
Na terça-feira, a equipa de campanha de Trump também aludiu à natureza política do julgamento, reconhecendo implicitamente que pode afetar a candidatura de Trump, que aparece à frente nas sondagens entre os candidatos Republicanos.