Universidade da Madeira atravessa um dos períodos "mais penosos"
O reitor da Universidade da Madeira (UMa), Sílvio Fernandes, afirmou hoje que a instituição atravessa um dos "mais penosos períodos de gestão" da história, apontando a "crónica situação de subfinanciamento".
"Queria, num contexto tão importante, dizer-vos que a equipa reitoral tem desempenhado as suas funções num período deveras difícil, que não necessito de aqui reforçar para não parecer impróprio, inconveniente até, mas que constitui um dos mais penosos períodos de gestão que alguma vez aconteceram na história da Universidade da Madeira", declarou Sílvio Fernandes.
"Temos mais alunos, mais cursos a funcionar, mais projectos de investigação"
"Nunca foi tão grande o número de estudantes inscritos em cursos conferentes de grau ou diploma, aos quais se somam os das pós-graduações e de cursos breves, num total que está próximo dos 4.000, meta que tinha apontado há dois anos para ser atingida a curto prazo", divulgou o reitor da Universidade da Madeira (UMa), Sílvio Moreira, na cerimónia dos 35 anos da instituição.
O reitor da UMa discursava na reitoria da universidade, no Funchal, na sessão solene do Dia da UMa, que comemora 35 anos.
Sílvio Fernandes frisou que, apesar de a instituição registar o número mais elevado de sempre de estudantes inscritos em cursos conferentes de grau ou diploma (3.800), aos quais se somam os 4.000 inscritos em pós-graduações e cursos breves, de estudantes internacionais, de projetos (74) e de cursos (72), "a eloquência dos números não deve esconder as difíceis realidades" que a universidade atravessa.
"E que só podem ser supridas com a urgente celebração de um contrato-programa entre o Governo da República, o Governo Regional e a Universidade da Madeira. Trata-se, pois, da prioridade que continuaremos a eleger como absolutamente crucial para garantia do nosso futuro", sublinhou.
Depois de focar a história da Universidade da Madeira, criada em 1988, e enunciar as dificuldades atuais, Sílvio Fernandes falou das expectativas e objetivos futuros.
"O futuro passa por pôr em funcionamento o mestrado em Design, as novas pós-graduações em Ciência Política e Relações Internacionais e em Perspetivas Atuais, Acompanhamento Social e Inserção em Serviço Social e os novos CTeSP em Gestão do Alojamento e em Promoção da Qualidade de Vida e Bem-estar da Pessoa Idosa", destacou.
O reitor acrescentou que pretende também colocar em funcionamento o 'ano zero' para estudantes internacionais, aumentar o número de alunos em programas de mobilidade, assim como reforçar e otimizar o projeto da Medicina, do qual faz parte o novo hospital.
Além disso, referiu, a UMa aguarda a aprovação dos mestrados em Otimização do Rendimento Desportivo e Tecnologias Aplicadas e em Agricultura Biológica e Desenvolvimento Rural.
Será também proposto, para funcionar a partir do ano letivo 2024/2025, uma licenciatura em Ciências e Tecnologias do Mar, bem como uma pós-graduação em Atmosfera, Oceano e Clima, adiantou.
Antes da sessão solene, dezenas de alunos estiveram no átrio da reitoria, em protesto silencioso, reivindicando melhores condições para os estudantes através de cartazes que alertavam para as dificuldades.
O presidente da Associação Académica da Madeira, Ricardo Bonifácio, realçou que a falta de investimento nas instituições de Ensino Superior origina condições precárias, em termos de alojamento e Ação Social, por exemplo.
A saúde mental foi outro dos problemas destacados pelo estudante, que adiantou que através de um inquérito realizado anualmente foi possível concluir que, dos 600 inquiridos, cerca de metade sentiu necessidade de pedir apoio psicológico, mas "dessa metade apenas 42% procuraram" ajuda e "8% dentro da Universidade da Madeira".
Ricardo Bonifácio exigiu, por isso, a melhoria dos núcleos de psicologia e a realização de mais ações de sensibilização.