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Portugal tem "muito peso" ao nível da UE mas cargos dependem de europeias

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O Presidente da República defendeu hoje que Portugal "tem muito peso" ao nível comunitário, mas considerou que a escolha para a liderança das instituições da União Europeia (UE) vai depender do resultado das eleições europeias do próximo ano.

"Portugal tem, obviamente, muito peso através dos seus eurodeputados -- e a presidente do Parlamento [Europeu] falou nisso -- e as autoridades portuguesas, e não falo do Presidente da República, mas falo por exemplo do Governo, têm muito peso ao nível europeu", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa.

Em declarações aos jornalistas portugueses após um almoço com funcionários portugueses do Parlamento Europeu, o chefe de Estado português defendeu que, "quer o primeiro-ministro, quer o Estado para os assuntos europeus, quer a representação em termos de embaixada, têm muito peso" ao nível comunitário.

Marcelo Rebelo de Sousa respondia a uma questão sobre uma possível escolha de António Costa para a presidência do Conselho Europeu, a estrutura que junta os chefes de Estado e de Governo da UE.

Depois de classificar como "questão prematura" a futura liderança do Conselho Europeu, o Presidente da República considerou que a escolha do sucessor de Charles Michel "depende do resultado das eleições" europeias de junho do próximo ano.

"É uma questão que atravessa o pensamento das várias pessoas que estão aqui [...], se se altera muito a composição ou não do Parlamento, se é aconselhável manter ou não lideranças atuais ou fazer a mudança", mas isso estará relacionado com "o resultado das eleições e a composição do Parlamento, o peso dos vários grupos", apontou Marcelo Rebelo de Sousa.

Também questionado sobre o facto de não ter mencionado a divergência com o primeiro-ministro, António Costa, no seu discurso perante os eurodeputados, quando há sete anos abordou o então novo ciclo político interno, o chefe de Estado lembrou que este era um "convite já antigo" para intervir agora na sessão plenária.

"Tem um objetivo fundamental, que é de Portugal falar do futuro da Europa e em domínios em que, se não for Portugal a falar, poucos falam, como a ligação com África, com a América Latina, [...] o problema das migrações [...] e em termos de definição de regras económicas financeiras", elencou.

"Isto é a posição de Portugal, é a posição de todos os órgãos de soberania portugueses e nisso estamos todos unidos e até devo dizer que verifiquei que havia um grande convergência dos eurodeputados e das variadas bancadas" nestas questões ao nível europeu, adiantou, falando numa "ocasião única" para dar resposta aos problemas sociais e económicos da UE, a cerca de um ano das eleições europeias.

Outra "preocupação europeia" destacada por Marcelo Rebelo de Sousa refere-se ao aumento de taxas de juro.

A visita a Estrasburgo surgiu numa altura de divergência entre o chefe de Estado e o primeiro-ministro português, António Costa, em relação à permanência no Governo do ministro das Infraestruturas, João Galamba.

Na passada quinta-feira, numa comunicação ao país, o Presidente da República prometeu que estará "ainda mais atento e mais interveniente no dia-a-dia" para prevenir fatores de conflito que deteriorem as instituições e "evitar o recurso a poderes de exercício excecional".

O chefe de Estado qualificou a sua discordância em relação à decisão do primeiro-ministro de manter João Galamba como ministro das Infraestruturas como uma "divergência de fundo" e considerou que essa decisão de António Costa tem custos "na credibilidade, na confiabilidade, na autoridade do ministro, do Governo e do Estado".