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Governo britânico considera legítimas detenções pela polícia durante coroação

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O Governo britânico considerou hoje que a polícia de Londres agiu corretamente ao deter dezenas de pessoas para evitar que a coroação do Rei Carlos III no sábado fosse perturbada, apesar das críticas à atuação das autoridades.

"A polícia concentrou-se, corretamente, em garantir que este momento importante decorresse em segurança e sem grandes perturbações, o que foi bem sucedido", afirmou o secretário de Estado do Interior, Chris Philp, no parlamento britânico. 

Segundo o governante, em causa estavam "ameaças específicas de informações sobre múltiplos planos bem organizados para perturbar" o evento. 

Também hoje o comissário da Polícia Metropolitana de Londres, Mark Rowley, lamentou que pelo menos seis manifestantes anti-monarquia tenham sido impedidos de participar num protesto organizado pela organização Republic, incluindo o diretor, Graham Smith. 

"Quero ser absolutamente claro: a nossa atividade visava aqueles que acreditávamos terem a intenção de causar graves perturbações e criminalidade. Informações sérias e fiáveis diziam-nos que os riscos eram muito reais", explicou, num texto publicado no jornal Evening Standard.

A polícia deteve 64 pessoas no sábado, 52 das quais relacionadas com preocupações de que poderiam perturbar o evento, pelo que a polícia invocou prevenção de uma violação da paz e a conspiração para causar distúrbios públicos. 

A Lei da Ordem Pública recentemente em vigor desde a semana passada no Reino Unido, introduzida em resposta às ações de desobediência civil por parte de grupos ambientalistas, permite à polícia revistar manifestantes e impõe penas até 12 meses de prisão aos manifestantes que bloqueiem estradas ou interfiram com "infraestruturas nacionais".

A polícia disse que ativistas anti-monarquia tinham objetos que podiam ser usados para bloquearem a estrada, mas a associação Republic negou que tenha ficado provada qualquer intenção de causar desordem.

O diretor da organização Republic revelou que três oficiais superiores da polícia foram à sua casa pedir desculpa pessoalmente pela detenção durante 16 horas, mas Graham Smith, afirmou que não aceitou o pedido e que pretende "tomar medidas".

A diretora da organização não-governamental (ONG) Human Rights Watch no Reino Unido, Yasmine Ahmed, considerou alarmante a atuação da polícia, vincando que "isto é algo que se esperaria ver em Moscovo e não em Londres".

Carlos III e Camila foram coroados no sábado reis do Reino Unido, durante uma cerimónia na Abadia de Westminster, em Londres, que foi acompanhada nas ruas por milhares de pessoas.