Efeitos da crise nacional
Em Portugal, vive-se uma Crise tão tamanha e a uma escala tão deplorável, que até a vontade de a descrever e dar-lhe a dimensão da dor que tal provoca nos tem faltado. Instalou-se o vazio e no entanto os assuntos que merecem tratamento são imensos e muito sérios e graves. O país vive hoje um surto de crimes e de falcatruas, quer por dentro da Sociedade que se diz ser, Livre, quer às escondidas por ser corrupta e cheia de “vigários”, com e sem o traje apropriado. Cada vez mais aumenta o policiamento mas falha a Justiça que se ausenta ou abusa da venda e nada vê e nada ilumina. A violência sobe que nem balão a hélio entre grupos de recursos vastos e agrestes, é a agressividade doméstica entre pais e filhos, matrimónios que se ofendem gravemente até se desfazerem no lodo negro da mentira dos poderosos. No meio empresarial as fortunas fraudulentas crescem como cogumelos ou reproduzem-se que nem coelhos, e a Justiça mantém a venda escura por onde não entra a luz decente e luminosa e arrasta consigo a velha e cancerosa miséria do povo que tem que a aguentar firme e de queixume pouco válido ou mesmo ferido de morte. Neste país há os que o dominam e lhe chamam, “livre”, ou dele nos dizem que nele vivemos em Liberdade ou em terra de oportunidades. Quase diariamente os jornais e outros meios de notícia nos relatam casos de morte por dá cá aquela palha, ou pelos simples trocos que temos na gaveta e na carteira onde só cabem tostões magros destinados a pão duro. Hoje nada temos seguro ao andar por rua ou viela, que o risco de embatermos sem dó nem piedade na ameaça do deserdado, do marginal, do sem apoio e sem juízo, já perdido desde a cabeça aos pés calosos e deformados nos sujeita sem dar tempo, a qualquer explicação, de que também somos um sem-abrigo e não um refugiado com apoio governamental e subsidiado com louvor. País desigual como não há outro nesta UE encostada aos seus pares liberais comprometidos, que nela também se movem e nela enriquecem mais e mais. O povo, esse é que bate sempre à porta da míngua sem direito a ser ouvido sequer como homem ou mulher e sem casa nem Instituição onde se recolher, e saborear refeição capaz de manter-lhes os olhos abertos e despertos para enfrentar as agruras do novo dia que terá de enfrentar, e sempre com a violência à espreita e a Justiça à perna sem a ajuda dos “técnicos” de uma qualquer Segurança Social, e só porque é um indígena português nascido em Portugal e não um refugiado do além que aqui tem lugar desde que fale doce e apresente documento manchado de lugar de guerra que dela fugiu. Este país sempre foi um maná para o enteado, e padrasto dos filhos sem eira nem beira. Muito queridos e aceites com honra e glória presidencial, enquanto o pobre lusito, bronco ou sem esperteza do “oportunista da estranja”, que em pouco tempo tudo obtêm por método que aos naturais são dificultados e até recusados. Portugal não é nem nunca foi um país para Nacionais nados e criados desde há séculos e filhos de famílias com outros séculos do mesmo modo por cá nascidos e enrolados em mantas de pobreza e esquecidos no silêncio da tristeza e da amargura. Qual escravatura sofisticada e moderna que serve aos mesmos que nos trouxeram até tal “estado” de pé descalço e a sangrar!
Joaquim A. Moura