A maioria dos incêndios rurais não são causados por mão criminosa?
Os vereadores da CMF, eleitos pela coligação Confiança, tiveram, ontem, uma iniciativa política sobre a ‘importância da limpeza de terrenos’, no âmbito da prevenção aos fogos rurais/florestais.
Em comunicado à imprensa, é afirmado que “está (…) comprovado que a maioria dos casos de incêndios florestais e rurais não são iniciados por mão criminosa, devem-se à negligência de proprietários no cuidado que devem ter nos seus terrenos”, mas será mesmo assim.
Partamos do princípio que a realidade madeirense não difere muito da nacional.
O Relatório de Actividades do ‘Sistema de Gestão Integrada de Fogos Rurais’ – 2021 – é claro: “Do total das 8.223 ocorrências registadas, 7.897 foram investigadas quanto à sua origem (96%), tendo sido possível determinar a causa de um total de 5.105 incêndios (65%). Tendo em conta este apuramento, a diminuição do número absoluto de ocorrências em 2021, face ao ano anterior, deveu-se essencialmente à diminuição da causa ‘incendiarismo’ com menos 771 incêndios (- 38%). No entanto denotou-se um aumento de ocorrências pela causa ‘Uso do Fogo contrariando a tendência de diminuição do pós-2017. Esta continuou a ser a principal causa conhecida de Incêndios Rurais representando 56% do total.´”
Assim fica claro que a mão criminosa não é a principal causa dos incêndios ruais/florestais.
A razão dominante é o mau ‘uso do fogo’, o que aparece muitas vezes associado à tentativa de limpeza de terrenos por essa via. Uma realidade de tendência semelhante à dos anos anteriores.
Também na Madeira é essa a realidade, a acreditar nas palavras de Pedro Ramos, secretário regional com a tutela da Protecção Civil regional, ditas em 18 de Julho de 2022, em nota de imprensa: “Muitos dos incêndios rurais têm origem em queimas e queimadas que perdem o controlo, quando realizadas sem monitorização de acordo com as necessárias medidas preventivas e segurança.”
Assim é verdade o que afirmam os vereadores eleitos pela Coligação Confiança: a mão criminosa não é a principal causa dos incêndios rurais. A principal causa está ligada aos cuidados (ou falta deles) com os terrenos e, nesse âmbito, ainda que não afirmado pelos responsáveis políticos referidos, ao mau uso do fogo.