Há uns dias, uma crónica de Alexandre Pais no Correio da Manhã sobre a imagem da Cristina Ferreira mas sobretudo de Maria Botelho Moniz, gerou uma onda de revolta em Portugal. Com razão de ser. É ridículo e obtuso no século XXI, com toda a informação ao nosso dispor ainda haver por aí trogloditas que olham para um ser humano e lhe julgam capacidades profissionais ao sabor dos seus traços físicos, como se para figurar, neste caso na televisão, tivesse que se ser magro ou alto ou outra coisa qualquer. Não é seguramente essa a sociedade que quero construir, mas sim uma que nos permita sermos quem somos, independentemente do género, da raça ou do peso. É retrógado, vermos que ainda há por aí gente que cede a estereótipos, como se tivéssemos que ser todos iguais, enfiados dentro do mesmo caixote. Como se os que não se enquadram em determinado perfil, não tivessem lugar. No entanto, eu, ao contrário de muitos dos que se manifestaram, vou sempre lutar para que mesmo os trogloditas se possam manifestar. Primeiro porque para mim liberdade é permitirmos que os que têm opinião diferente da minha se expressem e depois porque o que desejo é que estes seres possam ter voz e a exprimam, para eu saber quem não quero ao meu lado, quem não comunga dos mesmos valores e princípios que os meus e para que também eles possam ser criticados e expostos ao seu próprio ridículo. No dia em que algum diretor de um jornal onde escrevo me impedir, numa crónica assinada por mim, em que dou a cara e assumo as minhas palavras, de dar a minha opinião, mesmo que estúpida, será o dia em que deixo de escrever. Que falem sempre para estarmos atentos e sabermos o que pensam. É ler as palavras da Maria para se perceber como se colocam os “Alexandres” desta vida no seu devido lugar.

Numa altura em que a Igreja Católica se vê envolvida em escândalos que a vão colocando à prova, bem como numa divisão interna que vai opondo conservadores a progressistas uma das figuras que vai conseguindo manter os fieis unidos é sem duvida o Papa Francisco, que granjeia altos níveis de popularidade e de respeito até pelos que não comungam do mesmo credo. Será por isso essencial que não caia na tentação de se envolver na política e muito menos no sistema judicial comprando guerras que não são aconselháveis sobretudo em tempos como este. Vir dizer que Lula da Silva foi condenado injustamente e que Dilma Rouseff tem as “mãos limpas” não só é falso como o coloca perante caminhos perigosos. É bom relembrar que o presidente brasileiro foi colocado em liberdade por razões técnicas e formais, que não me cabe a mim colocar em causa, mas nunca foi inocentado. Por falar em Lula da Silva é no mínimo inusitada a forma como subiu ao palco de forma leviana sugerindo que para a paz na Ucrânia todos terão que ceder, inclusivamente o país invadido, que não poderá querer tudo e que provavelmente será aconselhável “oferecer” a Crimeia, para que se chegue a um consenso. Ou seja negociar território que é seu, com o país invasor. Surreal, assim como é surreal o nosso Governo ter pensado nele como convidado principal das comemorações do 25 de Abril mas não deixarei de ouvir atentamente o que tem para nos dizer.

André Ventura anunciou esta semana que o ex presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, e o político italiano Matteo Salvini, farão parte de um conjunto de convidados integrados no “grande evento da direita Mundial” organizado pelo Chega nos dias 13 e 14 de Maio em Lisboa. Pela mesma ordem de ideias do que referi no primeiro parágrafo, cá estaremos para os ouvir dissertar sobre o que pensam, acerca de vários temas importantes que se encontram na ordem do dia, sabendo que só tendo a palavra e a possibilidade de nos dizerem o que lhes vai na alma, saberemos tomar uma posição sobre o que queremos para nós e quem não queremos à frente dos nossos destinos. Numa altura em que o partido vai cavalgando nas sondagens, importa, mais do que criticar os que estão e os que fazem, saber para onde querem que o mundo caminhe e por consequência o nosso País. Diz-nos o passado recente que quando se entusiasmam muito, espalham-se. Veremos como se irão comportar desta vez.

Hoje em dia tudo se faz para aparecer, até as coisas mais estúpidas. Aliás, são sobretudo as mais ridículas que chamam a atenção. Uma corrente na rede social Tik Tok inspira os mais jovens a dormir com fita cola a tapar a boca. Dizem que provoca um sono melhor e mais profundo, regenerador das células e por isso um estimulador da beleza. Os médicos já vieram alertar para os perigos sobretudo dos que podem ter ( e não sabem ) apneia obstrutiva do sono. Mais recentemente a nova tendência é comer ração para cão. Alguns amantes do ginásio dizem ser mais rica em proteínas e por isso muito útil para quem quer ganhar massa muscular de forma mais rápida e nem os avisos de alguns especialistas, de que estes alimentos podem conter produtos nocivos para o nosso corpo, parecem diminuir esse “apetite”. Quando achamos que a estupidez humana já atingiu o seu limite há sempre alguém pronto para nos surpreender.

Aproveito para desejar uma excelente Páscoa a todos os leitores do Diário!