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Wall Street Journal condena acusações falsas a jornalista de EUA preso na Rússia

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O diário nova-iorquino Wall Street Journal (WSJ) condenou hoje as acusações "totalmente falsas" ao seu correspondente Evan Gershkovich, detido na Rússia e oficialmente indiciado por "espionagem" naquele país.

"Como dissemos desde o princípio, essas acusações são totalmente falsas e injustificadas, e continuaremos a exigir a libertação imediata do Evan", indicou o diário económico num comunicado.

O jornalista norte-americano Evan Gershkovich, detido na Rússia na semana passada, foi hoje oficialmente indiciado por "espionagem", uma acusação que ele rejeita "categoricamente", noticiaram as agências noticiosas russas.

Segundo a Interfax, Gershkovich, correspondente do WSJ, está a ser judicialmente perseguido com base no Artigo 276.º do Código Penal russo, uma acusação punível com uma pena de 20 anos de prisão.

As autoridades russas "indiciaram Gershkovich por espionagem para o seu país. Ele negou categoricamente todas as acusações e declarou que as suas atividades na Rússia eram de natureza jornalística", noticiou a agência TASS, citando uma fonte anónima das forças de segurança russas.

Este indiciamento dará origem a um julgamento cuja data não foi ainda anunciada.

O repórter foi detido na semana passada pelos serviços secretos russos (FSB) durante uma reportagem em Ecaterimburgo, nos Urais. As autoridades acusaram-no, em particular, de recolher informações sobre a indústria do setor da defesa.

Tal como o WSJ, as autoridades dos Estados Unidos -- o Presidente, Joe Biden, e o seu secretário de Estado, Antony Blinken, incluídos - rejeitaram as acusações de espionagem e instaram o Kremlin a libertar o jornalista de 31 anos, que é um cidadão norte-americano de origem russa.

Mas Moscovo assegurou na quinta-feira à nova embaixadora norte-americana na Rússia, Lynne Tracy, que era "inútil" exercer pressões neste caso.

"A campanha mediática em torno deste caso (...) com o objetivo de exercer pressão sobre as autoridades russas e sobre o tribunal que decidirá o destino de Evan Gershkovich é inútil e sem sentido", sustentou o Ministério dos Negócios Estrangeiros russo num comunicado.

O Wall Street Journal tinha na semana passada defendido num editorial que "expulsar o embaixador russo nos Estados Unidos, bem como os jornalistas russos que trabalham no país, seria o mínimo que se podia fazer".

A detenção do jornalista norte-americano ocorreu num contexto de cada vez maior repressão da imprensa na Rússia desde que esta invadiu a Ucrânia, a 24 de fevereiro de 2022, e aí trava há mais de um ano uma guerra de conquista que não poupa estruturas nem população civis e que levou a uma crispação acentuada das relações entre Moscovo e Washington.

Seguiu-se também a uma troca de prisioneiros realizada em Dezembro entre os dois países: da estrela norte-americana de basquetebol Brittney Griner, que se encontrava encarcerada na Rússia, pelo comerciante de armas Viktor But, preso nos Estados Unidos.

Washington acusou várias vezes Moscovo de deter arbitrariamente cidadãos norte-americanos para os usar como moeda de troca para recuperar cidadãos russos presos nos Estados Unidos.