Sou Candidato a Deputado nas Eleições Regionais deste ano
Quando, há alguns meses atrás, fui contactado por uma jornalista do DIÁRIO para colaborar na rubrica “No Rasto de...”, tive oportunidade de afirmar que não pretendia voltar à política ativa por estar com outros projetos, profissionais e académicos, em mãos. E era absolutamente verdade. Também, nessa ocasião, ressalvei que, em política, não existem decisões irrevogáveis (o último que me recordo de ter tomado uma decisão irrevogável, depressa foi obrigado a recuar) e, como tal, o tempo é que iria ditar se, alguma vez, voltaria a ter uma postura mais interventiva, politicamente. Devo dizer que, nos últimos tempos, tenho sido abordado pela Coordenadora Regional do Bloco de Esquerda na Madeira, no sentido de ponderar encabeçar a lista de candidatos e candidatas a deputados na eleição a realizar-se em setembro ou outubro deste ano. A minha primeira resposta foi de que não estava minimamente motivado para regressar à política ativa, pelos projetos profissionais e académicos em que estou envolvido, e que, por isso, dificilmente aceitaria o generoso convite da Dina Letra. Contudo, em momentos posteriores, voltei a ser abordado no mesmo sentido, com a argumentação de que os madeirenses precisam do Bloco no Parlamento e que, para o nosso partido voltar estar representado na Assembleia, tínhamos que fazer um esforço suplementar e ir buscar os nossos melhores ativos. Só assim poderíamos lutar, com alguma dose de otimismo, pela eleição de uma representação parlamentar. A esta insistência da principal dirigente bloquista na Região, foram-se multiplicando apelos de alguns camaradas, amigos e de outros cidadãos anónimos que dizem que o Bloco faz falta na Assembleia e que eu, por ser um dos rostos mais conhecidos, deveria ponderar candidatar-me nestas eleições. Além disso, fui sendo confrontado com a imensidão de problemas sociais que afetam os nossos conterrâneos e que, na Assembleia, era necessário voltarmos a ter uma oposição forte, que enfrentasse o governo regional sem medos nem tibiezas, como acontecia no último mandato em que estive, no Parlamento, com o Rodrigo Trancoso. Na verdade, ao ponderar todas estas questões constatei facilmente a necessidade de reforçar as Lutas em defesa da Escola Pública e da Educação para todos, de mais e melhor Serviço Regional de Saúde, de reforçar os apoios sociais para retirar milhares de madeirenses da pobreza, valorizando, também, os salários dos trabalhadores. Essas Lutas, de podermos aspirar a ter uma economia mais justa e uma maior redistribuição da riqueza, terão mais força se o Bloco estiver na Assembleia, de onde se encontra arredado desde 2019. O mais cómodo e mais fácil para mim seria ficar quieto no meu canto, indiferente aos apelos que tanta gente me faz e às dificuldades por que passam milhares de madeirenses e porto-santenses. Pesados os prós e os contras percebi que não podia voltar as costas aos madeirenses e ao Bloco, pelo que resolvi aceitar o desafio que me foi feito e disponibilizei-me aos aderentes do meu partido para ajudar naquilo que eu puder. Algum tempo depois, fui informado pela Coordenadora Regional que a direção do partido havia proposto aos aderentes o meu nome e o da Dina Letra, respetivamente, para 1.º e 2.ºs candidatos às Eleições para a Assembleia Legislativa da Madeira, e que essa proposta havia sido aprovada. Após os aderentes do BE Madeira tomarem essa decisão, foi-me manifestado o apoio da atual Coordenadora Nacional do BE, Catarina Martins, e da previsível futura Coordenadora Nacional, Mariana Mortágua.
Não obstante o otimismo de que vamos regressar ao Parlamento, tenho alertado para a necessidade de trabalharmos muito para atingir este objetivo. O Caminho é duro e a Luta é árdua. E nestas coisas, como em tantas outras, não existem Messias nem Salvadores que garantam coisa nenhuma. Existem pessoas, com muita ou pouca experiência, que, juntas, podem fazer a diferença. E a diferença será fazer voltar o BE à Assembleia Legislativa, onde teremos a mesma postura que sempre tivemos de defesa dos interesses da nossa população. É essa Luta que queremos travar, com a ajuda e o apoio de todos aqueles que acham que o Bloco faz falta para obrigar o Parlamento e o governo a aprovar medidas que protejam a nossa população e toda a Região Autónoma da Madeira.