Paquistão anuncia operação nacional para acabar com o terrorismo
O Governo do Paquistão anunciou hoje o lançamento de uma operação nacional para pôr fim ao terrorismo, perante o aumento de ataques rebeldes que o país enfrenta há mais de um ano.
O início da operação foi acordado durante uma reunião da Comissão de Segurança Nacional (NSC, na sigla em língua inglesa) - responsável por supervisionar a segurança no país -- na qual participaram o primeiro-ministro, Shehbaz Sharif, e vários altos responsáveis militares, entre os quais o chefe do Estado-Maior do Exército, o general Asim Munir.
"Na reunião, acordou-se lançar uma operação abrangente a nível nacional, com o [apoio] de toda a nação e do Governo, que livrará o país da ameaça do terrorismo com renovado vigor e determinação", indicou o gabinete do primeiro-ministro paquistanês num comunicado.
A comissão responsabilizou pela atual situação a "política irrefletida e branda" em relação ao principal grupo talibã do país, o Tehreek-e-Taliban Pakistan (TTP), nesta onda de atentados terroristas que tem afetado o país e que se intensificou especialmente após a chegada dos seus parceiros ideológicos ao poder no Afeganistão, em agosto de 2021.
"Não só se permitiu que os terroristas regressassem sem obstáculos, como também foram libertados das prisões perigosos terroristas do TTP, em nome do impulsionamento da confiança", lê-se no comunicado, numa clara referência ao Governo anterior, liderado pelo então primeiro-ministro Imran Khan.
Durante o mandato de Khan, os habitantes de várias zonas tribais ao longo da fronteira com o Afeganistão queixaram-se frequentemente da presença de combatentes do TTP e protagonizaram grandes protestos contra o regresso dos talibãs a essas áreas.
"Como resultado do apoio fornecido a estes perigosos terroristas que regressaram e a várias organizações terroristas presentes em grande número no Afeganistão, perderam-se a paz e a estabilidade" no Paquistão, lamentou a comissão.
Apesar de a nota de imprensa indicar que a operação incluirá esforços aos níveis político, de segurança diplomática, económico e social, não fornece pormenores sobre as datas em que decorrerá ou sobre a dimensão dos dispositivos mobilizados.
Refere, contudo, a formação de uma comissão de alto nível que analisará durante as próximas duas semanas como a operação poderá ser posta em marcha e os seus eventuais desafios.
O Paquistão lançou duas operações maciças contra grupos extremistas em 2014 e 2017, que mataram milhares de alegados terroristas, mas também causaram milhares de civis deslocados no país.
Segundo o relatório anual do Índice Global de Terrorismo, o Paquistão registou o segundo maior aumento de mortes relacionadas com o terrorismo em todo o mundo em 2022, registando 643 vítimas mortais nesse ano, o que representou um aumento de 120% em relação às 292 mortes do ano anterior.
Tais números fizeram o Paquistão ultrapassar o Afeganistão como o país com mais ataques terroristas e mortes no sul da Ásia.