Bielorrussia condena a 17 anos de prisão opositor exilado Valeri Tsepkalo
A justiça bielorrussa condenou hoje a 17 anos de prisão, à revelia, o líder da oposição, Valeri Tsepkalo, exilado no estrangeiro desde as eleições de 2020 em que Alexander Lukashenko foi reeleito.
Tsepkalo, cuja candidatura à presidência nessas eleições foi rejeitada pela comissão eleitoral, foi condenado por difamar Lukashenko e desacreditar o país, apelando a outros países para que imponham sanções e outras medidas a Minsk que minassem a segurança nacional.
A acusação tinha pedido uma pena de 19 anos contra Tsepkalo, que também foi acusado de criar e financiar um grupo extremista, recebendo subornos e abuso de poder, durante o julgamento que teve início a 01 de março no Tribunal Regional de Minsk.
O antigo diplomata e empresário bielorrusso foi acusado de receber cerca de 152 mil euros em subornos enquanto era chefe da administração do Parque de Alta Tecnologia bielorrusso, dinheiro que alegadamente foi transferido para uma empresa que possuía com sede em Chipre.
Na altura, Tsepkalo chamou ao julgamento um "circo, em que o principal bobo é o impostor de dedos azuis que perdeu as eleições de 2020 de forma retumbante para o povo da Bielorrússia", referindo-se a Lukashenko.
"Todos os participantes [deste circo] responderão perante o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos e depois perante o povo sofredor" da Bielorrússia, acrescentou.
Este julgamento vem juntar-se aos julgamentos contra outras figuras da oposição, que Minsk acusa de "conspirar para tomar o poder de uma forma inconstitucional".
A mulher de Valeri Tsepkalo, Veronica, substituiu-o na corrida presidencial e concorreu como parte de uma tróica de candidatos presidenciais que incluía Svetlana Tikhanovskaya, agora líder da oposição exilada, e Maria Kolesnikova, que está a cumprir onze anos de prisão.
No total, existem 1.438 presos políticos na antiga república soviética, incluindo jornalistas, bloguers, empresários, ativistas, manifestantes e candidatos presidenciais.
Na quinta-feira, o poder judicial bielorrusso condenou o antigo candidato presidencial Andrei Dmitriev a 18 meses de prisão por participar nos protestos antigovernamentais que irromperam após as eleições presidenciais.
Dmitriev, então copresidente do movimento "Tell the Truth!" (Diz a Verdade, numa tradução livre), ganhou 1,21 por cento dos votos nas eleições de 9 de agosto, ficando em quarto lugar entre cinco candidatos.
Dois dias depois, ele e outro candidato, Sergey Cherechen, anunciaram que iriam contestar os resultados eleitorais, nos quais Lukashenko foi reeleito com mais de 80% dos votos.
Dezenas de milhares de bielorrussos saíram à rua para protestar contra a fraude quando os resultados foram anunciados, com a favorita Svetlana Tikhanovskaya a ganhar 10,12% dos votos.
Os maiores protestos antigovernamentais desde a independência da Bielorrússia em 1991 colocaram o último ditador da Europa, cuja vitória eleitoral não é reconhecida pelo Ocidente, numa situaçãpo complexa.
Após semanas de protestos pacíficos, Lukashenko, a quem o Kremlin se ofereceu para enviar forças de segurança russas para esmagar a dissidência, lançou uma repressão que levou centenas de milhares de pessoas ao exílio.