Jornalista Evan Gershkovich formalmente acusado de "espionagem"
O jornalista norte-americano Evan Gershkovich, detido na Rússia na semana passada, foi hoje formalmente acusado de "espionagem", uma acusação que rejeita "categoricamente", noticiaram as agências noticiosas russas.
Segundo a Interfax, Gershkovich, um correspondente do Wall Street Journal que também trabalhou para a agência France-Pressse (AFP) no passado, está a ser processado ao abrigo do artigo 276.º do código penal russo, uma acusação que implica uma pena de prisão de 20 anos.
As autoridades "acusaram Gershkovich de espionagem em nome do seu país". O jornalista negou categoricamente todas as acusações e disse que as suas atividades na Rússia eram jornalísticas, relatou a agência russa TASS, citando uma fonte anónima das forças de segurança.
A acusação abre caminho a um julgamento, cuja data ainda não foi anunciada.
O repórter foi detido na semana passada pelos Serviços de Segurança Russos (FSB) durante uma reportagem em Yekaterinburg, nos Urais. As autoridades acusaram-no de recolher informações sobre a indústria de Defesa.
Os Estados Unidos e o Wall Street Journal rejeitaram as acusações de espionagem e apelaram ao Kremlin para libertar o jornalista de 31 anos, que é um cidadão norte-americano de origem russa.
A sua detenção tem como pano de fundo o aumento da repressão da imprensa na Rússia desde a ofensiva contra a Ucrânia, o que tem dificultado as relações entre Moscovo e Washington.
Segue-se também uma troca em dezembro entre a estrela do basquetebol norte-americano Brittney Griner, que se encontrava detida na Rússia, e o traficante de armas russo Viktor But, que se encontra na prisão nos Estados Unidos.
Washington acusou repetidamente Moscovo de prender arbitrariamente norte-americanos para os utilizar como moeda de troca para recuperar os russos detidos nos Estados Unidos.
Por seu lado, os líderes democratas e republicanos do Senado dos Estados Unidos apelaram hoje à libertação de Gershkovich.
"Condenamos veementemente a detenção arbitrária deste cidadão americano e repórter do Wall Street Journal", escreveu o democrata Chuck Schumer e o republicano Mitch McConnell numa rara declaração conjunta.
Os dois líderes do Congresso exigiram a "libertação imediata deste jornalista independente internacionalmente respeitado".