50 Anos: A Meia Vitória que falta
No próximo dia 19 de Abril, o Partido Socialista comemora 50 anos, uma marca que orgulha todos os Socialistas. Fundado em 1973, um ano antes da Revolução de 1974 que trouxe a Liberdade ao nosso país, o PS teve um papel absolutamente determinante na nossa Democracia e Autonomia. Sob os princípios do socialismo democrático e de acordo com os valores da Liberdade, da Igualdade, da Fraternidade e da Solidariedade, o contributo do PS para a construção do nosso país é inegável.
Tenho, por isso, muita honra em ser militante do Partido Socialista desde os 22 anos, depois das eleições legislativas de 2011 que elegeram Portas e Passos Coelho e da intervenção da Troika no nosso país, em dose dupla na Região. Foi ainda estudante de Medicina que decidi que era neste espaço político que queria contribuir para o nosso futuro colectivo. Antes e depois, fui dirigente académico, organizei piquetes de greve, participei em manifestações, exerci cargos públicos e partidários, ganhei e perdi eleições. Cresci na política e dediquei-lhe os últimos anos da minha vida profissional, quer na Madeira, quer no Continente - e não tenho vergonha disso, tenho muito orgulho nisso, tal como no PS. Diminuir constantemente a importância dos partidos e apoucar o valor de quem se dedica à política é típico da pior espécie de populismo provinciano, que coloca em perigo alguns dos pilares fundamentais da Democracia, e de quem, procurando esconder o seu passado, encontra nessa ausência de percurso uma muito infeliz forma de distinção, não de valorização. Não conheço nenhum militante partidário que seja menos do que outro qualquer cidadão por isso, mas conheço muitos que, sendo médicos, gestores, marceneiros, ou pintores, deram muito mais ao país e à Região precisamente por causa disso.
Ao longo destes 50 anos, o Partido Socialista deixou muitas marcas no país: no Governo e na Presidência da República, no desenvolvimento do projecto europeu e na governação dos Açores. Não acertámos sempre, mas também não falhámos sempre. Há, contudo, meia vitória que falta ao PS: precisamente aqui, na Madeira.
Tal facto não diminui a dimensão da História do PS Madeira, que também nos deve orgulhar, desde os seus mais ilustres fundadores aos nossos mais empenhados militantes “anónimos” que contribuíram para aqui chegarmos. Uma História de Resistência, perante um regime que nem sempre convive bem com a Democracia e com a Liberdade individual. Uma História de Governação, traduzida em vitórias em Câmaras Municipais e Juntas de Freguesia que governamos melhor, com maior responsabilidade financeira e justiça social. Uma História de Oposição, enquanto construímos uma alternativa que mereça a confiança da maioria dos madeirenses.
Tive a felicidade de fazer parte de um capítulo decisivo da História recente do PS na Madeira. Em 2017, fui eleito Vereador da Câmara do Funchal porque conquistámos a nossa primeira maioria absoluta. Depois, fui Secretário-Geral do PS quando retirámos, também pela primeira vez, a maioria absoluta ao PSD. Ouvir André Ventura, passados 4 anos, anunciar que o Chega quer acabar com o que já não existe, a maioria absoluta do PSD, é um momento revelador da sua dupla e profundíssima ignorância - a política que todos conhecíamos; a sobre a Madeira que todos passámos a conhecer - e recorda-nos que, 50 anos depois, importa mesmo continuar a combater o fascismo.
Não tenho dúvidas sobre o caminho que o PS devia ter percorrido na sequência da meia vitória das últimas eleições regionais: manter as linhas principais de um projecto que, a partir desse momento, com mais recursos políticos e financeiros, deveria estar hoje em condições de conquistar a meia vitória que falta nas próximas eleições regionais. Em vez disso, houve quem tenha decidido iniciar um novo ciclo que, chegados aqui, levou a que não sobrasse, agora, uma única das peças que deram consistência política ao projecto de 2019.
Ainda assim e apesar disso, não conheço nenhum Socialista que não esteja disponível para contribuir para um projecto de verdadeira alternativa para a Região. Pelo contrário, todos aqueles com quem falo demonstram disponibilidade para, à dimensão das suas capacidades e responsabilidades, fazerem novamente a sua parte. À medida que nos aproximamos rapidamente das eleições, a expectativa que ainda tenho é a de que se concretize o envolvimento imprescindível que tarda para inverter o rumo anunciado.
As eleições regionais da Madeira são as únicas que se disputarão este ano - e vencê-las e governar a Região seria o culminar de um trajecto do PS no país onde continua a faltar a meia vitória que nos permitirá mudar a vida dos madeirenses e o futuro da Madeira. É esse o legado que têm nas mãos.