“Deixa que Jesus te ensine a amar até ao fim”
Bispo do Funchal na homilia da Missa da Ceia do Senhor
“Deixa que Jesus te ensine a amar até ao fim” é o mote da mensagem do Bispo do Funchal, na homilia da Missa da Ceia do Senhor, a decorrer na Catedral do Funchal.
Para D. Nuno Brás “não basta a Jesus tecer algumas amizades — muito menos encontrar algumas dependências cegas que possam ser usadas para criar um movimento de seguidores. Essa não é, definitivamente, a sua missão, nem esse é o seu objectivo: esse é antes o propósito de quantos procuram um momento de poder ilusório, sensações superficiais de domínio. Mesmo que, mentirosamente, lhe chamem ‘amor’”, refere o prelado madeirense na homilia enviada pela Diocese à comunicação social.
Nesta que é uma das principais celebrações religiosas que marcam a celebração da Páscoa no seio da Igreja Católica, sublinha que o amor “traz sempre consigo a verdade e a liberdade de quantos nele se encontram envolvidos”, porque “consiste em encontrar a felicidade no bem do outro — consiste, por isso, num ‘querer bem ao outro’, qualquer que seja a sua dimensão ou profundidade”.
Na certeza que “o amor é Deus em nós (mesmo que não nos demos conta)”, sustenta que “a caridade é o amor de Deus: amor que é a razão de todos os seus actos criadores, em particular da criação do ser humano ‘à sua imagem e semelhança’; caridade que é a razão de Deus não desistir de ninguém; caridade que, ao mesmo tempo, o faz respeitar infinitamente a liberdade de todos e cada um. Caridade que é a razão da encarnação do Verbo; que é a razão de tudo quanto Jesus diz e faz — que é a razão do seu existir”, proclama.
Nesta celebração litúrgica que é simbolicamente marcada pelo ‘lava pés’, este ano a seis jovens madeirenses que vão participar nas Jornadas Mundiais da Juventude, a ter lugar em Lisboa, entre 1 a 6 de Agosto próximos, e a seis irmãos da Confraria do Santíssimo Sacramento, que assim completam a analogia dos 12 apóstolos que se sentaram à mesa com Jesus, para a última Ceia, o prelado chama a atenção para a confusão entre amor e paixão.
“Habitualmente fazemos uma espécie de caminho ascendente: julgamos saber o que seja o amor; sabemos que somos amados pelos nossos pais e sabemos que somos amigos da nossa família e daqueles que, por qualquer razão, nos são próximos. Não raras vezes confundimos a paixão com o amor. Daqueles que sofrem, compadecemo-nos. Pensamos que o amor de Deus seja semelhante a isso que chamamos amor, só que vivido de um modo mais perfeito. Parece ser algo de admirável, mas distante, impessoal”.
Aos presentes que enchem a Sé, lembra os gestos de Jesus na última Ceia e desafia-os: “Deixemos que Jesus nos ensine o que é o amor, e o amor até ao fim — ou melhor, a caridade, amor de Deus em nós”.
Conclui a mensagem deixada nesta celebração da Quinta-feira Santa com a certeza que “amar é a entrega desarmada de quem oferece a sua vida a outro e se dispõe a fazer caminho com ele, em qualquer momento, seja ele de felicidade ou de tristeza”.