A Guerra Mundo

Macron conta com China para trazer Rússia "de volta à razão"

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O presidente francês, Emmanuel Macron, disse hoje ao homólogo chinês, Xi Jinping, em Pequim, que conta com ele para "trazer a Rússia de volta à razão", no conflito na Ucrânia.

"Sei que posso contar convosco para trazer a Rússia de volta à razão e à mesa de negociações", disse Macron a Xi, num encontro no Grande Palácio do Povo, junto à Praça Tiananmen, em Pequim.

Os dois líderes vão fazer declarações à imprensa às 17h30 (10:30, em Portugal), seguindo-se uma reunião trilateral na presença da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que também está a realizar uma visita oficial à China.

Os líderes europeus esperam convencer Xi Jinping, um aliado próximo de Moscovo, a usar a sua influência junto do líder russo, Vladimir Putin, para pôr fim ao conflito na Ucrânia.

Recebido de manhã em Pequim pelo primeiro-ministro chinês, Li Qiang, Macron sublinhou a "importância" do "diálogo entre China e França nestes tempos conturbados que atravessamos".

De seguida, reuniu com o presidente da Assembleia Popular Nacional da China, Zhao Leji, a quem "sublinhou os impactos da guerra na Ucrânia na segurança e nos equilíbrios estratégicos globais".

Von der Leyen, que foi recebida por Li Qiang, sublinhou que as "relações UE - China tornaram-se complexas nos últimos anos, e que é importante abordar juntos todos os aspetos desta relação", especialmente num "ambiente geopolítico volátil".

A Europa tem pressionado a China para que desempenhe um papel nos esforços para alcançar a paz na Ucrânia. As visitas dos líderes europeus ocorrem apenas algumas semanas depois de Xi reunir com Putin, em Moscovo.

"Se há um único país que pode levar Moscovo a mudar os seus cálculos é a China", admitiu, na segunda-feira, um funcionário do gabinete de Macron, citado pelo jornal britânico Financial Times.

Xi e Putin declararam, anteriormente, uma "amizade sem limites" entre os seus países, nas vésperas da invasão da Ucrânia, em fevereiro de 2022. Pequim recusou-se a criticar Moscovo, mas tentou manter uma imagem de neutralidade e apelou a um cessar-fogo e a conversações de paz, mas nem sequer falou ao telefone com o seu homólogo ucraniano, Volodomyr Zelensky, desde que o conflito começou.

Pequim deseja manter o governo de Putin como um parceiro diplomático viável, para contrapor a ordem democrática liberal liderada pelos Estados Unidos, e um fornecedor de energia de confiança.

Macron disse que tem a ambição de "ser uma voz que una a Europa", razão pela qual convidou a Presidente da Comissão Europeia a acompanhá-lo.

No primeiro dia da sua visita de Estado de três dias, o presidente francês disse na quarta-feira que Pequim pode desempenhar um "papel importante" em "encontrar um caminho para a paz" na Ucrânia, citando o documento de 12 pontos sobre a posição da China no conflito, divulgado em pevereiro passado.

Ursula von der Leyen, por seu lado, lançou um aviso muito mais duro, na semana passada, em Bruxelas. "A forma como a China continua a responder à guerra de Putin vai ser um fator determinante no futuro das relações UE-China", apontou.