País

Arquitetos Ricardo Leitão e Rita Furtado vencem 1.ª edição do Prémio Manuel Graça Dias

None
Foto: Universidade do Porto

Os arquitetos Ricardo Leitão e Rita Furtado, autores da "Casa em Freamunde", são os vencedores da primeira edição do Prémio Manuel Graça Dias - dst-Ordem dos Arquitectos - Primeira Obra, no valor de 20 mil euros.

Esta primeira edição do galardão, que visa "reconhecer e celebrar a qualidade da arquitetura produzida por arquitectos com formação recente", contou com 31 candidaturas, indica um comunicado da Ordem dos Arquitetos (OA). O galardão será entregue a 11 de abril, às 17:30, no LU.CA - Teatro Luís de Camões, em Lisboa.

O júri decidiu ainda atribuir menções honrosas à "Casa-Atelier", da autoria da arquiteta Maria João Rebelo, ao "Edifício General Silveira", da autoria dos arquitetos Tiago Antero e Vítor Fernandes, e à "Casa com Muitas Caras", da arquiteta Ana Luísa Soares.

As candidaturas foram avaliadas em função da afirmação da importância, valor e mensagem desta primeira edição do prémio, que constitui uma evocação do arquiteto Manuel Graça Dias (1953-2019), destacando a "qualidade arquitetónica, inventividade e considerações ambientais".

O júri da primeira edição do Prémio Manuel Graça Dias foi presidido pelo arquiteto e professor universitário Sergio Fernandez, e integrou os arquitetos Sofia Isidoro (por indicação do Ministério da Cultura), Ana Vaz Milheiro (por indicação da Secção Portuguesa da Associação Internacional de Críticos de Arte) e Inês Vieira da Silva e Egas José Vieira (ambos por indicação do Conselho Diretivo da OA).

Analisadas as diferentes candidaturas, cujo nível geral de qualidade foi elogiado genericamente pelo júri, a deliberação, por unanimidade, recaiu sobre a "Casa em Freamunde", da autoria dos arquitetos Ricardo Leitão e Rita Furtado.

A "Casa em Freamunde" (2021) é uma obra de raiz, construída em contexto urbano descaracterizado, para uma pequena habitação de dois pisos, inserida num lote com limites definidos por outras construções.

O projeto "preserva a escala das volumetrias próximas e, respeitando as características dos arruamentos envolventes, afirma a sua presença com uma fachada, a norte, assumidamente bidimensional, de desenho quase provocatório que, claramente, dá novo significado aos alinhamentos daqueles", segundo o júri.

"Com um elaborado e inventivo tratamento plástico e espacial, o dispositivo entrada--escada--chaminé constitui-se como elemento primordial de aglutinação e distribuição de toda a casa, ampliando a sua vivência através de uma premeditada fluidez", acrescenta.

A criação do prémio foi anunciada pela OA em outubro de 2022, como homenagem ao arquiteto Manuel Graça Dias, "figura ímpar da arquitetura portuguesa nas muitas dimensões que desenvolveu, como profissional, crítico, editor, divulgador, entre outras".

Ao associar o nome de Manuel Graça Dias a um prémio de primeira obra, a OA propôs-se "sublinhar a imaginação, inconformismo, disponibilidade e generosidade" que aquele arquiteto, que morreu em 2019, aos 66 anos, sempre demonstrou.

Manuel Graça Dias nasceu em Lisboa, onde se licenciou em arquitetura em 1977, pela Escola Superior de Belas Artes de Lisboa, iniciando-se profissionalmente, no ano seguinte, como colaborador do arquiteto Manuel Vicente, em Macau.

Em 1990, criou em Lisboa, onde vivia e trabalhava, o ateliê Contemporânea, com Egas José Vieira. Os dois propuseram uma abordagem aberta ao edifício do Teatro Luís de Camões, na Ajuda, inaugurado em 1880 e que a câmara de Lisboa reabriu, renovado, em junho de 2018, com a designação de LU.CA.

Obteve o 1.º lugar no concurso para o Pavilhão de Portugal na Expo'92 em Sevilha, Espanha, bem como o 1.º lugar no concurso para a construção da nova sede da OA, nos antigos Banhos de S. Paulo, em Lisboa, ambos com Egas José Vieira.

Manuel Graça Dias dirigiu o Jornal Arquitetos, entre 2009 e 2012, a Ordem dos Arquitetos, de 2000 a 2004, e foi presidente da secção portuguesa da Associação Internacional de Críticos de Arte (2008-2012).

Em 2006, Graça Dias foi agraciado pelo então Presidente da República Portuguesa, Jorge Sampaio, com a Ordem do Infante D. Henrique (grau comendador).