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CEO quis demitir motorista que falou sobre uso do carro da empresa por familiares

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Foto Lusa

Alexandra Reis revelou hoje que a presidente executiva da TAP quis demitir o motorista que falou sobre o uso do carro da empresa ao serviço de Ourmières-Widener para transportar familiares seus, justificando com a falta de vacinação contra covid-19.

Durante a inquirição da deputada do Bloco de Esquerda Mariana Mortágua, na comissão de inquérito à TAP, Alexandra Reis explicou que, em 21 de dezembro de 2021, a presidente executiva abordou-a sobre um motorista que não estava vacinado contra a covid-19 e que, por isso, não poderia continuar na empresa.

De acordo com Alexandra Reis, trata-se do mesmo motorista que partilhou "com alguma candura" que um outro motorista estaria a fazer uma deslocação "não diretamente para a CEO".

Mariana Mortágua tinha perguntado se tinha havido alguma retaliação a este motorista por ter falado.

"Ele nunca seria despedido por não se ter vacinado, porque a vacinação em Portugal não é obrigatória e, por isso, a TAP nunca iria despedir ninguém por não se ter vacinado, isso não iria acontecer", explicou a ex-administradora da companhia aérea, acrescentando que chegou a ser equacionada a mudança de funções do trabalhador em causa.

Após diligências levadas a cabo por Alexandra Reis, "o motorista manteve a sua função naquele lugar, porque muito rapidamente entendeu que a vacinação ia ser importante para que pudesse continuar a desempenhar aquelas funções".

"O senhor presidente do Conselho de Administração impôs muito rapidamente uma regra relativa à utilização das viaturas e dos motoristas para situações pessoais, a generalidade dos administradores não o fazia", acrescentou a ex-secretária de Estado.

Questionada mais tarde pelo deputado Filipe Melo, do Chega, se tinha conhecimento de uma relação familiar entre o referido motorista e um presidente de um sindicato da TAP, Alexandra Reis disse que soube da relação já depois de sair da empresa.

Este assunto surgiu na sequência de perguntas de Mariana Mortágua sobre "tensão" com a presidente executiva "relacionada com a contratação de pessoas", referida na audição por Alexandra Reis.

"A partir de junho de 2021, a minha expectativa era que, estando o redimensionamento da empresa feito, tendo sido atingidas as métricas previstas no plano de reestruturação, [...] no meu entendimento, é que a partir daquela data era muito importante que a empresa tivesse estabilidade e tranquilidade, que as pessoas que decidiram ficar na empresa, mesmo com corte salarial, tivessem a estabilidade de saber que o redimensionamento tinha terminado", explicou a ex-administradora.

Segundo Alexandra Reis, "houve algumas situações onde pode ter sido sugerido que a pessoa A não era a pessoa certa, tinha de sair".

"Eu, na altura, entendia que tinha de se encontrar soluções para aquela pessoa dentro da organização", realçou a ex-administradora.