Sobe para 57 o número de detidos por corrupção na Venezuela
As autoridades venezuelanas detiveram, nas últimas horas, 13 cidadãos, na sua maioria altos funcionários do Governo do Presidente Nicolás Maduro, alegadamente envolvidos em irrregularidades administrativas, elevando para 57 o número de detidos por corrupção.
Segundo a imprensa venezuelana as detenções foram realizadas pela Polícia Naciona Anticorrupção (PNCC) da Venezuela e foram apresentados perante um tribunal especializado em antiterrorismo e corrupção, estando relacionados com as empresas estatais Corporação Venezuelana de Guayana (CVG) e Cartones de Venezuela.
Entre os detidos estão Hugo César Cabezas, que ocupou vários altos cargos executivos, entre eles o de diretor do Serviço Administrativo de Identificação, Migração e Estrangeiros da Venezuela (Saime), em 2003.
Desde 2013 dirigia o Complexo Industrial Alfredo Maneiro, um organismo que distribuia o papel para a imprensa local e que muitas vezes foi questionado por alegadamente privilegiar os media afetos ao regime, situação que motivou denuncias no parlamento venezuelano.
Em 26 de março o Ministério Público (MP) da Venezuela informou que tinham sido detidos dez altos funcionários públicos e 11 empresários envolvidos em atos de corrupção na empresa estatal Petróleos de Venezuela SA (PDVSA).
O MP adiantou que foram ainda detidos dois juízes e um advogado alegadamente envolvidos em corrupção no sistema judicial venezuelano, e emitidos mandados de detenção contra 11 pessoas relacionadas com delitos em operações com cripto-ativos.
O anúncio foi feito pelo Procurador-Geral da Venezuela, Tarek William Saab, numa conferência de imprensa em Caracas.
"Não estamos a falar de qualquer esquema de corrupção, estamos a falar de um dos mais espalhafatosos dos últimos anos, que infelizmente vincula funcionários do Estado venezuelano e empresários (...) que beneficiam com a corrupção, e até jovens", disse o procurador.
As detenções, disse, são o resultado da primeira fase de uma investigação que envolve também um número bastante importante de altos e médios funcionários dos poderes executivo, legislativo e judicial.
Tarek William Saab afirmou que se trata do 31.º esquema de corrupção investigado pelo MP, desde 2017, e relacionado com a indústria petrolífera venezuelana, que envolveu 194 pessoas das quais 75 foram julgadas e condenadas.
Os detidos relacionados com corrupção na petrolífera venezuelana são acusados de delitos como apropriação ou desvio de bens públicos, uso de relações ou influência,de branqueamento de capitais e associação criminosa.
O procurador precisou que foram detidos os funcionários públicos António José Pérez Suárez (vice-presidente de Comércio e abastecimento da PDVSA), Joselit de La Trinidad Ramírez Camacho, (superintendente Nacional de Cripto-ativos e operador cripto-financeiro) e Hugbel Rafael Roa Carucci, (deputado).
"Foi detetada uma rede de funcionários que, aproveitando-se das suas posições e níveis de autoridade, procederam a realizar operações petrolíferas paralelas às da PDVSA (...) acreditando que não seriam descobertos, através da Superintendência de Cripto-ativos (Sunacrip) e do carregamento de petróleo em barcos, sem controlo administrativo ou garantias, em violação dos regulamentos de contratação necessários para o efeito", explicou.
A rede, disse, recrutava jovens de ambos sexos para os incluir na rede de branqueamento de capitais, a quem recompensava com uma vida de luxos, ilegal e criminosa.
E adiantou que, contra a oposição, estão em curso cinco outras investigações por irregularidades na empresa Monómeros, filial da PDVSA na Colômbia.
A oposição é ainda acusada de nomear embaixadores, e adidos de negócios fictícios, diretores para o Banco Central da Venezuela e roubo de ativos do país.
O MP investiga ainda o desvio, pela oposição, de fundos de ajuda humanitária e atos de conspiração armada.