Rússia confisca passaportes a destacados funcionários e executivos
Os serviços de segurança da Rússia estão a confiscar os passaportes de destacados funcionários e executivos de empresas estatais, para evitar viagens para o estrangeiro, face ao receio de deserções no regime, noticia hoje o Financial Times.
Os oficiais de segurança endureceram os requisitos de viagem dentro do setor estatal, exigindo a entrega de documentos de viagem de destacadas figuras, de acordo com várias pessoas familiarizadas com o assunto, acrescentou o jornal económico britânico.
A medida reflete a profunda suspeita no Kremlin e no FSB, os serviços secretos sucessores da KGB, sobre a lealdade da elite civil da Rússia, muita da qual se opõe, em privado, à guerra na Ucrânia e está incomodada com o impacto do conflito no seu modo de vida, segundo o FT.
O porta-voz de Putin, Dmitry Peskov, indicou que a Rússia endureceu as restrições às viagens ao estrangeiro para pessoas que trabalham em áreas "sensíveis".
"Há regras mais estritas para isto. Em alguns lugares formalizaram-se e noutros dependem de uma decisão específica sobre empregados específicos", disse ao FT.
Desde a época soviética, os funcionários russos com acesso a segredos de Estado, de nível médio, estão obrigados a deixar os passaportes num lugar seguro, por parte do "departamento especial" integrado nos seus ministérios e empresas.
Não obstante, os serviços de segurança da Rússia raramente fizeram cumprir estas regras, segundo ex-funcionários e executivos.
A situação mudou depois da invasão da Crimeia, em 2014, quando os serviços de segurança começaram a advertir contra as viagens para países como os Estados Unidos ou o Reino Unido.
Desde a invasão da Ucrânia, em 2022, as restrições aplicam-se de forma muito mais ampla.