Uma zaragata ocorrida na última madrugada na Avenida do Mar, no Funchal, com mais de 20 indivíduos madeirenses e continentais, levou alguns leitores a associar o incidente com a visita dos adeptos do Vitória de Guimarães, que, esta tarde, defronta o Marítimo, estádio dos Barreiros. “Normal, deve ser o pessoal do Guimarães”, lê-se num comentário à notícia no Facebook. É natural que se associe esta briga à presença da claque vimaranense no Funchal. Mas será que os adeptos daquele clube nortenho já causaram outros problemas nas visitas à Madeira?

A resposta à questão é afirmativa. O incidente da noite de ontem não é o primeiro a envolver elementos da claque vimaranense. Outra situação grave foi protagonizada em Março do ano passado. Nessa altura, na noite da véspera de um jogo com o Marítimo, um grupo de adeptos daquele clube interrompeu o trânsito junto às tascas da poncha da Serra de Água, colocando-se na via pública a entoar cânticos. A situação levou à mobilização de 10 carros-patrulha e da BIR da PSP para o local.

A confusão estendeu-se ao Funchal. Causaram desacatos na Zona Velha, nas imediações do Casino e houve pancadaria à porta das Vespas. Neste último caso, os vídeos foram largamente difundidos nas redes sociais.

Uma consulta ao historial de notícias de incidentes com grupos de fãs de clubes de futebol continentais que se deslocam ao nosso arquipélago são raros e de gravidade relativamente ligeira. Mas envolvem mais frequentemente grupos de adeptos dos três grandes clubes portugueses - Sporting, Benfica e Porto. O que é natural, visto que estes são as emblemas que têm mais simpatizantes e que em maior número acompanham as viagens das equipas à Madeira.

A título de exemplo, a 18 de Abril de 2001, um grupo de adeptos do FC Porto causou distúrbios e furtou artigos de lojas da baixa do Funchal. Na loja ‘The Best’, do Centro Comercial Tavira, cerca de dez elementos subtraíram artigos (fatos de treino e camisolas do seu clube, da selecção portuguesa e do Manchester United) num valor de cerca de 600 euros. Uma funcionária terá sido agredida quando se apercebeu que os jovens levavam consigo roupas escondidas debaixo dos casacos e os tentou travar à saída da loja. Noutra loja de artigos de surf do Marina Shopping, os suspeitos levaram bonés e camisolas, no valor de 150 euros. A PSP identificou os autores destes furtos.

A claque sportinguista também já tem causado problemas na Região, com inscrições com graffiti e actos de vandalismo. Aliás, antes da violenta invasão da Academia de Alcochete em Maio de 2018, houve incidentes no Aeroporto da Madeira, depois da derrota dos leões por 2-1 diante do Marítimo na última jornada da I Liga e que ditou o afastamento da equipa da Liga dos Campeões na época 2018/2019. Nessa noite, alguns adeptos do Sporting manifestaram-se contra o plantel leonino, no andar das partidas no Aeroporto Internacional da Madeira, dirigindo insultos verbais o que fez despoletar alguma confusão entre adeptos e plantel. “Vemo-nos em Alcochete na terça-feira”, terá dito Fernando Mendes, então líder da ‘Juve Leo’, num tom ameaçador dirigido a Acuña.

Há cerca de um ano, a PSP teve de dispersar dezenas de simpatizantes sportinguistas que estavam a causar problemas na Avenida do Mar.

Em Dezembro de 2018, pelo menos seis elementos referenciados como sendo adeptos do Benfica (usavam camisolas e outros adereços da equipa), vindos do continente para um jogo com o Marítimo, causaram uma onda de desacatos no restaurante Abrigo do Pastor e provocaram ferimentos em dois empregados e outros tantos clientes que tiveram de ser transportados ao hospital para receber tratamento médico.

Depois dos três grandes, há também notícias de incidentes com adeptos de clubes mais pequenos, surgindo então os nomes do Vitória de Guimarães, Sporting de Braga e Leixões.