PSD exige esclarecimentos urgentes de Costa sobre "escândalos graves" no Governo
O líder parlamentar do PSD pediu hoje "esclarecimentos urgentes" ao primeiro-ministro sobre os "escândalos muito graves" que envolvem o Governo, exigindo que António Costa explique se foi o SIS que recuperou o computador do ex-assessor de João Galamba.
"O país exige que o primeiro-ministro preste esclarecimentos urgentes sobre tudo o que se está a passar na governação. Nas últimas semanas, e em particular nos últimos dias, temos assistido a um conjunto de situações e de escândalos muito graves que envolvem ministros e secretários de Estado sem que o primeiro-ministro diga qualquer palavra sobre o estado atual da governação", disse Joaquim Miranda Sarmento, em conferência de imprensa na sede do PSD.
Para o líder parlamentar do PSD, o que se soube "nos últimos dias" e em particular na sexta-feira "obriga a que o senhor primeiro-ministro venha esclarecer os portugueses do que é que se passa no seio do seu Governo".
"Tem que mostrar ao país que ainda tem autoridade política, que ainda tem coesão interna no seu governo e que ainda tem capacidade de governar o país", desafiou.
Miranda Sarmento considera que António Costa "tem que explicar se foi de facto o SIS", que está na sua tutela direta, que recuperou o computador do ex-assessor de João Galamba.
"Não é compreensível que se tenham chamado o Serviço de Informações de Segurança [SIS], que depende do primeiro-ministro, para recuperar um computador quando num furto normal se recorre à PSP", enfatizou.
O social-democrata deixa a questão: "que segredos, que informações, que comprometem o Governo é que esse computador tem que justifiquem a chamada do SIS?".
"É hoje claro das mensagens que são trocadas entre João Galamba e o seu ex-assessor, que o ex-assessor quis mostrar as notas da reunião entre o grupo parlamentar do PS e a ex-CEO [presidente executiva] da TAP nas vésperas da audição, o assessor quis mostrar essas notas, o ministro impediu que essa notas fossem divulgadas e só depois um comunicado que refere o nome do assessor é que este entendeu que devia entregar as notas", referiu.
Para Miranda Sarmento, "é hoje claro que o ministro das Infraestruturas quis mentir à comissão parlamentar de inquérito e quis ocultar informação ao parlamento".
"É tudo uma trapalhada enorme com informações contraditórias, mas que no final apanham os membros do Governo a faltar à verdade", insistiu, considerando que ou o primeiro-ministro "é muito claro e afirma a sua autoridade ou o país tem um problema muito sério".
Questionado sobre se o PSD está a ponderar uma moção de censura ao Governo, o líder parlamentar do PSD começou por referir que o partido tem "sempre todas as iniciativas legislativas" à disposição.
"Se se justificar, não excluímos a moção de censura, mas neste momento não é algo que esteja a ser debatido", afirmou, garantindo que o "PSD está sempre preparado para governar".
Para Miranda Sarmento, os portugueses que tenham memória dos últimos 40 anos não encontram "situações no Governo que atinjam este nível de gravidade e que envolvam ministros e secretário de Estado".
Na sexta-feira conheceu-se a exoneração de Frederico Pinheiro por "comportamentos incompatíveis com os deveres e responsabilidades" e as suas acusações a João Galamba, já negadas categoricamente pelo ministro das Infraestruturas, de que tinha procurado omitir informação à comissão de inquérito (CPI) à TAP.
O adjunto exonerado do ministro João Galamba, Frederico Pinheiro, acusou o Ministério das Infraestruturas de querer omitir informação à comissão de inquérito à TAP sobre a "reunião preparatória" com a ex-CEO.
Entretanto, em comunicado, o ministro das Infraestruturas negou "categoricamente" as acusações do adjunto exonerado, referindo ainda que, "pelo contrário", "toda a documentação solicitada pela CPI foi integralmente facultada".