O que vêem os teus olhos?
Há momentos em que conseguimos escolher ver de entre duas coisas diferentes. Olhar para nós próprios ou olhar para o mundo. Por exemplo, numa viagem de autocarro ou de comboio, durante algum tempo, o equilíbrio entre a luz natural exterior e a luz artificial interior permite que conscientemente possamos ora visualizar o nosso reflexo ora a paisagem.
Todo o corpo humano é uma obra fascinante e a visão é um fenómeno particularmente deslumbrante. Os mesmos olhos descobrem o pai e a mãe quando chegamos ao mundo, brilham quando achamos que encontramos o amor em forma de gente, choram quando dizemos adeus a quem vemos partir. E quando olhamos para nós, sempre que olhamos para nós, podemos escolher entre o simplesmente ver e o atentamente observar. Um olhar consciente despe-nos perante nós mesmos. Não interessa o que temos vestido, a casa que temos, o carro que conduzimos.
O confronto pode ser difícil. Podemos não gostar assim tanto do que vemos. Podemos escolher entre o criticar e o elogiar. Podemos ficar presos nas imagens do passado. Podemos projectar o que queremos ver no futuro. Importante mesmo é olhar para si. E daí talvez veja o mundo com… os mesmos olhos de sempre, mas vendo diferente.