Nove associações ambientalistas dizem que opções Montijo e Lisboa deviam ter sido excluídas
Nove associações ambientalistas defenderam hoje que as opções para um novo aeroporto que incluam Montijo e Lisboa deviam já ter sido abandonadas, e que há alternativas tecnicamente viáveis.
Num comunicado conjunto as organizações comentaram hoje o anúncio (de quinta-feira) da Comissão Técnica Independente (CTI) das nove opções possíveis para o novo aeroporto da capital, que incluem as cinco definidas pelo Governo (Portela+Montijo; Montijo+Portela; Alcochete; Portela+Santarém; Santarém),e as opções Portela+Alcochete, Portela+Pegões, Rio Frio+Poceirão e Pegões.
As organizações dizem que não concordam com a manutenção, "só porque sim", na Avaliação Ambiental Estratégica (AAE) de todas as soluções determinadas pelo Governo.
"Resulta óbvio que opções que incluam o Montijo e o atual Aeroporto Humberto Delgado (AHD) deveriam ter sido já abandonadas, por falharem numa série de critérios definidos pela comissão que faz a AAE", dizem.
E acrescentam que critérios como o impacto do ruído na população (vivem mais de 700 mil pessoas num raio de cinco quilómetros do AHD), as limitações à expansão aeroportuária, ou os impactos na Rede Natura 2000 e nas aves "tornam aquelas opções inviáveis".
Comentando o anúncio de quinta-feira as associações consideram que o processo de AAE foi bem organizado, afirmam concordar com os critérios de avaliação das propostas, mas dizem-se preocupadas "com a demora na criação de condições para o prosseguimento dos estudos da AAE".
E acrescentam que ficou demonstrado que há uma série de alternativas a um aeroporto no Montijo, "que são viáveis do ponto de vista técnico".
As nove associações notam ainda que faltam estudos que reforcem o conhecimento dos movimentos de aves entre os estuários do Tejo e do Sado, tendo em conta que há opções de aeroporto para locais entre as duas zonas húmidas.
Salientando que está em causa uma avaliação ambiental, as organizações questionam também a necessidade de um novo aeroporto, quando a primeira prioridade, no respeito pelo Pacto Ecológico Europeu, deveria ser a procura de alternativas ao tráfego aéreo, designadamente ferroviárias e de complementaridade entre aeroportos.
"Por isso, gostaríamos de sublinhar a necessidade absoluta de integração da infraestrutura aeroportuária a selecionar nas redes ferroviárias de nível metropolitano, regional e internacional de modo a por um lado reduzir o impacto ambiental das acessibilidades terrestres e por outro a permitir a eliminação dos voos de ligação de curta distância", afirmam.
Assinam o documento as associações Almargem (Associação de Defesa do Património Cultural e Ambiental do Algarve), ANP|WWF (Associação Natureza Portugal, em associação com a WWF), A ROCHA (Associação Cristã de Estudos e Defesa do Ambiente), FAPAS (Associação Portuguesa para a Conservação da Biodiversidade), GEOTA (Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente), LPN (Liga para a Proteção da Natureza), Quercus (Associação Nacional de Conservação da Natureza), SPEA (Sociedade Portuguesa para o Estudo Das Aves), e ZERO (Associação Sistema Terrestre Sustentável).