Madeira

JPP aponta que doenças mentais são um 'alerta vermelho' para a Região

None

“O crescimento do número de pessoas em situação de sem-abrigo mostra o lado mais visível das doenças mentais, muitas vezes associado a dependências como as drogas e o álcool, mas há um lado invisível das doenças mentais que ninguém vê e que antecede estas situações limite”. A declaração é de Lina Pereira, que foi a porta-voz de uma iniciativa do JPP realizada este manhã, junto ao Mercado dos Lavradores. 

O local escolhido é apontado pelo partido como “rosto do lado mais negro dos problemas de saúde mental que se vive na Região”. Para Lina Pereira é extremamente preocupante o “número crescente de jovens a passar por situações como depressões, perturbações alimentares, desesperançados do futuro”. “Pessoas que nos são próximas, com 50, 60 anos e com décadas de serviço mas que continuam a receber pouco mais do que o ordenado mínimo, têm de contar os tostões para conseguir chegar ao fim do mês e ainda ajudam os filhos e netos a pagar rendas de casa e creches, o que lhes sobra?”, questionou.

Lina Pereira lembrou que existe um conjunto de condições que se apresentam como fundamentais para a nossa saúde mental, apontando as condições sociais e económicas, mas também de descanso. "Há localidades onde nem isso é permitido, veja-se as noticias que falam do excesso de ruído que impedem as pessoas que dormir quando estão nas suas casas como é o caso da Zona Velha e, mais recentemente, as obras no Lugar de Baixo que decorrem até às 6h da manhã: como ficam estas pessoas?”, pergunta.

O partido indica que "todo este sofrimento psicológico que ninguém vê mas que existe faz com que, muitas vezes e infelizmente, sem esperança, as pessoas acabem por escolher o caminho que lhes parece mais fácil para afogar esse sofrimento, conduzindo-as a situações limite como as ruas, dependências ou comportamentos irreversíveis que ceifam vidas humanas".

Para o JPP este é o reflexo do falhanço, em toda a linha, das prioridades dos serviços de saúde da Região: “A saúde mental continua a ser um parente pobre dos investimentos da Saúde mas tem de deixar de o ser”, referiu. “Será que, neste momento e considerando a realidade da Região, é prioritário investir no aumento da capacidade da unidade de cuidados intensivos? Existe algum estudo prospectivo que nos indique tendências no que às doenças diz respeito, considerando os históricos familiares?”, indagou. 

O último relatório de segurança interna, referente a 2022, deve ser um alerta vermelho para qualquer decisor político: a Madeira lidera na criminalidade violenta e grave, com um aumento de 52%, passando à frente de cidades como o Porto ou Lisboa e estes números vão continuar a piorar se o Governo Regional insistir em governar com políticas de gestão do caos”, frisou.

“Neste momento, uma pessoa que precise de ajuda, que queira marcar uma consulta de psiquiatria, como terá de fazer? Quanto tempo terá de aguardar? Se mal tem dinheiro para pagar as suas contas, como poderá recorrer ao privado?”, questionou.

Para o JPP “os madeirenses não podem continuar a aceitar a passividade com que se vê o avolumar deste flagelo social que não escolhe idades, nem famílias, nem condições sociais. Não podemos continuar com uma política de gestão de danos, muitas vezes sem retorno: é isto que queremos para os nossos filhos e para os nossos netos?”, concluiu.