Madeira

CDS afirma que Tribunal Constitucional impede a Região de ter mais Autonomia

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O CDS considera que o Tribunal Constitucional, "órgão de soberania encarregado de fiscalizar a conformidade das leis com a Constituição, tem vindo a proferir acórdãos que limitam ou anulam as competências das Regiões Autónomas, invocando o princípio da unidade do Estado e a reserva absoluta de competência legislativa da Assembleia da República".

Numa conferência de imprensa realizada esta manhã, Ana Cristina Monteiro recordou que "no âmbito da sua autonomia administrativa e financeira, as Regiões Autónomas e as autarquias locais podem aprovar regulamentação própria para adaptar a lei às especificidades das suas realidades locais e regionais, sempre que as mesmas não sejam da competência exclusiva do Estado". No entanto, tal tem sido limitado.

A exemplo, a deputada refere a recente declaração de inconstitucionalidade de duas normas da Lei do Mar, que estabeleciam a gestão partilhada do espaço marítimo entre a República e as Regiões Autónomas. Outro exemplo foi, o facto de o Tribunal Constitucional voltar a declarar inconstitucionais duas normas da lei do arrendamento apoiado para a habitação que conferiam competência às Regiões Autónomas e às autarquias locais para adequar às suas próprias realidades.

Ana Cristina Monteiro considera que tais decisões devem merecer a preocupação dos madeirenses e porto-santenses, "pois prejudicam e muito a autonomia das Regiões Autónomas e das autarquias locais, violando o princípio da descentralização e do direito à autodeterminação dos povos".

A centrista lembra que está pendente ainda, uma decisão do Tribunal Constitucional sobre o pedido de inconstitucionalidade de normas do Programa Regressar, trazido pelo CDS-PP Madeira a discussão e aprovado pela maioria dos partidos representados na Assembleia Legislativa da Madeira, e que discriminam os imigrantes que pretendem regressar às Regiões Autónomas.

“A nossa preocupação prende-se com o facto de, se o Tribunal Constitucional continuar a não reconhecer a autonomia e os interesses próprios das populações insulares, dificilmente teremos nesse Programa Regressar uma situação diferente. E, desta forma, a Região e os nossos imigrantes terão de se preparar para receber, mais uma vez, uma facada profunda na nossa autonomia e liberdade”, garante Ana Cristina Monteiro.

Além disso, a deputada demonstra também a sua preocupação relativamente à saída de João Caupers como presidente do TC, pois “era ele que muitas vezes defendia as matérias relativas à autonomia das Regiões Autónomas, mas mantém a esperança de que o próximo presidente continue a ser a nossa voz e possa reforçar as autonomias das Regiões Autónomas”.

Ana Cristina termina constatando que, estas decisões do TC são um atentado à autonomia das Regiões Autónomas e das autarquias locais, que são as entidades mais próximas das populações e quem melhor conhece as suas necessidades e características.