Portosantense ciente das dificuldades resultantes da "dupla insularidade"
O administrador da SAD do Portosantense disse hoje que o emblema recém-promovido ao Campeonato de Portugal de futebol está ciente da dificuldade em cumprir prazos na remodelação do recinto para poder jogar em 'casa' devido à "dupla insularidade".
"Sabemos que é complexo e também graças à dupla insularidade que nós temos, as coisas aqui demoram mais tempo a acontecer, porque todos os materiais têm de vir de barco, primeiro, para a Madeira e, depois, para o Porto Santo. Os 'timings' por vezes são um pouco complicados, pela ligação entre ilhas", revelou Jorge Machado à agência Lusa.
A formação do Porto Santo, ilha que integra o Arquipélago da Madeira, venceu a Divisão de Honra e sagrou-se campeã da Madeira, 35 anos depois, título que garante o acesso à próxima edição do Campeonato de Portugal, juntando-se aos 'conterrâneos' Marítimo B e Camacha, tendo Machico sido despromovido na presente edição da competição.
Os portosantenses regressam aos 'nacionais' 12 anos depois, mas para poder disputar os jogos na ilha 'dourada' estão 'obrigados' a remodelar praticamente todo o recinto desportivo.
"A dimensão atual do sintético é mais larga, em cerca de um metro, do que é permitido. O estado do sintético também está bastante degradado. Caso não se opte por uma substituição - que seria o ideal, mas vai depender das decisões de quem paga, porque os valores envolvidos seriam, naturalmente, mais altos -, pelo menos uma intervenção. Por forma a fazer melhoramento da condição do sintético, isso vai ter de ser feito", explicou o integrante da administração da SAD, que iniciou funções em setembro último.
Para além das condições do 'tapete', terá de ser instalado um sistema "que possa permitir fazer a rega do campo nos dias de jogos", segundo Jorge Machado, que adiantou ainda que as obras terão de se estender ao redor do sintético do Estádio José Lino Pestana, que não está dotado de bancadas, nem zona técnica.
"É um processo que está a ser tratado com o Governo regional, o dono da instalação. Estão neste momento a averiguar as intervenções necessárias", afirmou.
Explicando que também já houve uma vistoria da Associação de Futebol da Madeira (AFM), que resultou "num relatório com as necessidades de intervenção para poder ter condições para disputar jogos do Campeonato de Portugal", o dirigente enfatizou que "a data limite para que as intervenções estejam feitas é 30 de junho", por indicação da AFM.
De acordo com Jorge Machado, "é quase impensável para toda a população do Porto Santo e para o clube jogar fora da ilha, mas se tiver que acontecer não há volta a dar".
"Sabemos que pode haver aqui complicações e, entretanto, quando fizemos o licenciamento para participarmos no Campeonato de Portugal, em fevereiro, indicámos uma instalação na Madeira, o Campo de Futebol Adelino Rodrigues, como campo alternativo", destacou lembrando que tudo está "dependente do que vai acontecer no Porto Santo".
Segundo o dirigente, a promoção do Portosantense "tem sido um fator agregador" na ilha, que promoveu o "regresso da alegria através do futebol, numa altura em que já estavam bastante desanimados".
"É indescritível o que se tem passado neste último ano, onde havia quase um descrédito em relação ao futebol e, neste momento, as pessoas estão empolgadas e muito motivadas para o que aí vem", explicou à Lusa.
Jorge Machado sublinhou que "o objetivo, para já, é a manutenção no Campeonato de Portugal".
"Para já, é estabilizar o projeto, amadurecer no Campeonato de Portugal, conseguir fazer campanha pelo menos durante dois anos de forma regular e estável para depois podermos, mais à frente, pensar em outros voos", concluiu.