Jack Teixeira permanece sob custódia das autoridades enquanto juiz toma decisão
O militar norte-americano Jack Teixeira, suspeito de uma das maiores fugas de informação do Pentágono na última década, ficará sob custódia das autoridades até que o juiz emita uma decisão final sobre a sua situação até julgamento.
Teixeira esteve hoje presente num tribunal de Massachusetts, numa audiência em que deveria ficar a saber se permaneceria detido até ao início do seu julgamento ou se, como pedia a sua família, ficaria em prisão domiciliária.
Contudo, o juiz David Hennessy decidiu que primeiro irá considerar os argumentos apresentados pela defesa e pela acusação, para posteriormente emitir uma decisão sobre o destino do jovem de 21 anos.
Não ficou claro se o magistrado emitirá uma decisão por escrito ou se convocará outra audiência.
No final da audiência de hoje, que se prolongou por cerca de uma hora e meia, o jovem foi escoltado para fora do tribunal, permanecendo sob custódia das autoridades.
Ao longo da sessão, os procuradores, que defendem que Teixeira permaneça detido até julgamento, afirmaram que o militar mantinha um arsenal de armas em sua casa e que disse nas redes sociais que gostaria de matar "uma tonelada de pessoas" e de abater "mentes fracas".
Os procuradores federais argumentaram que existe um "sério risco de fuga" e que Teixeira ainda poderá ter em sua posse informações de "tremendo valor para Estados hostis".
Teixeira, alegaram os procuradores, visualizou centenas de documentos classificados -- aos quais o Governo disse que ele ainda pode ter acesso -- e conduziu centenas de outras buscas por palavras-chave "no que parece ser um esforço deliberado para disseminar os segredos do país".
Nadine Pellegrini, chefe da divisão de segurança nacional do escritório do procurador-geral de Massachusetts, disse ao juiz que as informações que os procuradores apresentaram ao tribunal sobre as palavras e comportamentos ameaçadores de Jack Teixeira "não são especulações, não são hipérboles, nem são a criação de um caricatura...Baseiam-se diretamente nas palavras e ações deste réu", disse.
De acordo com a investigação dos procuradores, Jack Teixeira chegou a ser suspenso do liceu, quando um colega de turma o ouviu a discutir a utilização de 'cocktails' Molotov e outras armas, bem como a fazer declarações com ameaças de violência e racistas.
Mais recentemente, Teixeira usou um computador propriedade do Governo norte-americano para pesquisar sobre tiroteios em massa.
As autoridades norte-americanas acreditam que Teixeira constitui uma ameaça à segurança nacional, num momento em que averiguam se ele terá mantido cópias físicas ou digitais de outra informação classificada, para além da que já foi divulgada.
Por outro lado, a defesa de Teixeira argumentou que o jovem não esperava que as informações classificadas que partilhou 'online' fossem amplamente difundidas na internet.
"Alguém com menos de 30 anos não tem ideia de que, se colocar algo na internet, pode acabar em qualquer lugar deste mundo?", questionou o juiz.
"Isso é como alguém argumentar que puxou o gatilho de uma arma, mas não tinha intenção de matar. Acho um pouco incrível que o réu não tenha previsto essa possibilidade", acrescentou o magistrado.
Teixeira entrou na sua audiência vestido com o traje laranja usado nas prisões norte-americanas, sorrindo para familiares presentes na sala. As suas algemas foram removidas antes de o jovem se sentar e colocadas novamente quando foi escoltado da sala, no final da audiência.
Uma possibilidade é que o juiz determine que Teixeira fique confinado na casa da sua família enquanto aguarda julgamento.
Teixeira está em prisão desde a sua detenção no início deste mês por acusações decorrentes da divulgação ilegal de informação considerada "altamente confidencial", respondendo por crimes ao abrigo da Lei de Espionagem.
Os processos judiciais contra Teixeira procuram ainda compreender como é que este membro da Guarda Nacional da Força Aérea de Massachusetts teve autorização para aceder a alguns dos segredos mais bem guardados nos Estados Unidos.
Na noite de quarta-feira, a Força Aérea norte-americana anunciou a suspensão do comandante do 102º Esquadrão de apoio aos serviços de informações, onde Teixeira trabalhava, bem como do comandante administrativo que "supervisionava o apoio à unidade mobilizada sob ordens federais".