Montenegro considera "um logro" baixar défice e dívida à custa de impostos e investimento
O presidente do PSD defendeu hoje que "a economia tem de prevalecer face às finanças" e considerou "um logro" baixar o défice e a dívida à custa de mais impostos e de cortes no investimento.
Numa intervenção no final de um almoço do Fórum para a Competitividade, em Lisboa, Luís Montenegro reiterou que, se for Governo, a prioridade será baixar o IRS e defendeu Portugal tem margem para adotar uma fiscalidade mais competitiva, apontando apenas um obstáculo.
"Só o receio e o medo de não cumprirmos determinadas metas financeiras, mas eu tenho um princípio na minha política: não são as finanças que servem o pais e a economia, é a economia que serve as pessoas e as finanças públicas, a economia tem de prevalecer face às finanças", defendeu.
Para Montenegro, "ter bons défices, baixar o rácio da dívida à custa de mais impostos e de mais contribuições e de falta de investimento público é um engano, um logro, é aquilo que não dá futuro a um país".
Perante cerca de meia centena de empresários, Montenegro deixou também alguns avisos sobre a forma como Portugal usa os fundos comunitários e afirmou que iria dizer "em público o que tem dito à porta fechada".
"Portugal não pode dormir à sombra da bananeira", disse, lembrando que o país aderiu à então CEE em 1986 e continua a ser recetor de fundos comunitários.
Para o líder do PSD, o desígnio de Portugal "não pode ser continuar a ser elegível para receber financiamento, mas sim aproveitar o financiamento para deixar de precisar e ser contribuinte líquido da União Europeia".
Avisando que um dia será mesmo "a última oportunidade", Montenegro deixou ainda uma crítica sobre a forma como estão a ser usados os fundos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) em Portugal.
"O PRR é a substituição de investimentos não executados nos últimos sete anos, é preciso dizer que o rei vai nu e que é por isso que temos baixos salários e não criamos riqueza suficiente", apontou, dizendo que "só em Portugal" é que estes fundos não estão a ser maioritariamente utilizados para revitalizar a atividade económica e a ser alocados ao investimento público.