Crónicas

A política pequenina

É ver os escaparates, as 1ª páginas, as entradas nos noticiários, cheios de nomes para que os políticos se vão entretendo, atacando os adversários e fazendo política pequenina. Longe dos problemas essenciais que inquietam o povo, aqueles que se debatem com dificuldades concretas no mundo real e esperam que alguém se lembre deles e se preocupe com eles.

Tomou jeito convocar para o parlamento a senhora A ou B, pedir “por dá cá esta palha” a demissão deste ou daquele ministro, moções de censura porque o governante nomeou este ou aquele. Esta pequenez de argumentos relegando para plano secundário os temas mais relevantes mediocrizam não só a política mas, sobretudo, os seus intervenientes que a adoptam como “modus operandi” habitual.

A promoção do “métier” de forma mesquinha, com o foco em pessoas, de modo “faca e alguidar” discutindo o “comportamento da vizinha”, responsabiliza os seus actores. Porque torna-se legítimo pensar que não serão capazes de abordar, discutir ou tratar as matérias que são as mais importantes para o país e para os portugueses.

Não se contesta a oportunidade de denunciar uma ou outra arbitrariedade que compromete este ou aquela pessoa. Mas promover o expediente a política diária, geral e quase exclusiva, é torná-la pequena e os seus protagonistas pequeninos também.

Realizar política à Correio da Manhã não é bem o que os cidadãos esperam dos seus representantes. Para isso têm o jornal de inegável sucesso. O que é esperado é ver a competência espelhada na abordagem das grandes questões que a todos apoquentam. Ter projecto alternativo é mostrar que se consegue melhor e é preciso dar prova pública disso.