Novo presidente da TAP desconhece plano de reestruturação
Um dirigente do Sindicato dos Trabalhadores da Aviação e Aeroportos (Sitava) disse hoje que o novo presidente da TAP, Luís Rodrigues, comunicou aos trabalhadores que não conhece o plano de reestruturação da companhia.
"Achei uma parte engraçada, [...] o doutor Luís Rodrigues comunicou aos trabalhadores que não conhece o plano de reestruturação da TAP", disse Paulo Duarte, na comissão de inquérito à TAP, em resposta ao deputado social-democrata Paulo Moniz, referindo-se a um encontro entre o novo presidente e os trabalhadores, que decorreu hoje.
Já questionado pela deputada socialista Cristina Sousa sobre o que teria acontecido à TAP sem o apoio do Estado, em 2020, Paulo Duarte admitiu que houve divergências entre sindicato e administração relativamente ao plano de reestruturação, mas que o Sitava entendeu "perfeitamente que algo tinha de ser feito".
"O que dizemos hoje é o que dissemos na altura, [...] que o plano a ser implementado na totalidade, tal qual como está -- e atenção, eu digo isto pelo que é público, porque nunca nos foi facultado, não conhecemos o plano -- a TAP corre sério risco de não ter morrido com o mal, mas morrer agora com a cura, porque o plano está desajustado", afirmou o dirigente sindical.
Ainda questionado pelo deputado Paulo Moniz sobre o que qualificou como uma "cambalhota ideológica" do Governo, por ter nacionalizado a TAP, para agora decidir privatizar, Paulo Duarte disse não conseguir perceber, uma vez que, para os sindicatos, os argumentos invocados em 2020 mantêm-se válidos.
"Eu lembro-me que fomos comparados às caravelas e que, de repente, as caravelas já foram ao fundo e, portanto, não conseguimos perceber, por muito esforço que façamos", sublinhou, acrescentando que a injeção de 3.200 milhões de euros na companhia aérea será suficiente para se tornar independente e depois, "como qualquer empresa, se tiver dificuldades financeiras, vai à banca".
Já questionado pela deputada Mariana Mortágua sobre a concorrente Ryanair, Paulo Duarte considerou que se trata de uma "empresa marginal que vive à sombra da lei". "Isto aqui é um paraíso para eles e assim continua", realçou.