Terá algum responsável pelo sector da saúde afirmado que os Estados Unidos iam pedir opinião do Serviço Regional de Saúde?
O sector da saúde é um dos mais sujeitos ao escrutínio político e dos cidadãos em geral, até porque, a qualquer momento todos podem precisar de recorrer ao serviço, tanto público quanto privado.
Ontem, a notícia de mais uma evacuação de natureza médica, com o título ‘Doente transportado da Madeira para o continente’, em foi utilizado um dos aviões Falcon da Força Aérea Portuguesa, gerou uma discussão nas redes sociais, nomeadamente, no Facebook do DIÁRIO, com argumentos a favor e contra o que acontece no Serviço Regional de Saúde (SRS).
A esse propósito, em tom provavelmente sarcástico, Maria Freitas questionava: “Então não somos os melhores do Mundo, os Estados Unidos não iam pedir opinião ao SRS sobre os seus doentes?” Mas, terá algum responsável pelo sector da saúde da Madeira, alguma vez, afirmado tal coisa? Vejamos.
No dia 2 de Janeiro de 2023, houve mais uma sessão de boas-vindo aos novos médicos internos (em formação) do SESARAM. Nesse contexto, o director clínico afirmou: “O nosso objectivo, a nossa visão, é quando um doente dos Estados Unidos, na Clínica Mayo, ou na Suécia, no Karolinska, tem uma doença… há um médico que lhe transmite ‘você tem esta doença’, e então ele pergunta ‘mas eu gostava de ter uma segunda opinião. Sr. Dr. diga-me onde é que eu posso ter uma segunda opinião, quero o melhor sítio do Mundo para ter uma segunda opinião?’. E na clínica Mayo ou no Karolinska dizem ‘vá ao SESARAM’”.
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A afirmação de José Júlio Nóbrega foi alvo de muitas críticas, incluindo por parte dos seus pares médicos. Houve mesmo quem com ela fizesse chacota.
No entanto, a 7 de Abril de 2023, em entrevista ao DIÁRIO, José Júlio Nóbrega explicou que a afirmação correspondia a um objectivo. “Vou dizer-lhe uma coisa: um destes dias entrou um doente que foi socorrido pela EMIR às 8h30 da manhã; mais ou menos às 14 horas, essa pessoa estava a entrar nos cuidados intensivos, depois de ter sido visto na Urgência, ter sido entubado, ventilado, ter feito TAC, ter sido operado… se me disser muitas outras unidades que façam isto, reconheço que estava errado.”
“Agora repare uma coisa. Eu, enquanto director clínico, perante o cenário de desmotivação que existe a nível nacional, com a saírem todos para o privado, numa cerimónia de recepção dos 80 e poucos novos internos, de formação geral e de especialidade, o que poderei dizer a estas pessoas que estão no início de carreira? Só posso tentar motivá-las e dizer que estão num dos melhores lugares para fazerem a sua formação.”
“Qual é a nossa visão? O que é que queremos ser? Era isso que eu estava a dizer àquelas pessoas que me estavam a ouvir, foi nesse sentido que eu falei dessa forma. Claro que queremos ser o melhor sistema de saúde do mundo. Eu quero oferecer aquilo que de melhor se oferece a nível internacional. É um pouco o que dizemos aos nossos filhos, que queremos que sejam os melhores.”
“Mas não me incomoda que digam isso. Eu adoro essas críticas, lido bem com a crítica de que sou muito ambicioso. Julgo não ser mau o director clínico querer o melhor para o SESARAM. Eu tenho a obrigação de querer ter o melhor serviço de saúde para acolher e tratar as pessoas que recorrem aos nossos serviços. É isso que eu quero para qualquer doente internado neste hospital ou noutra unidade pública regional. E a verdade é que não temos sido assim tão maus, veja-se na pandemia, mas isso deixo para os outros fazerem as suas avaliações.”
Apesar da explicação, não deixa de ter sido afirmado que, dos Estados Unidos, iriam pedir opinião aos SRS. É por isso verdade que pelo menos um responsável pelo sector da saúde afirmou que os Estados Unidos iam pedir opinião do Serviço Regional de Saúde.