Rússia diz que UE está a militarizar-se a ritmo recorde e pouco difere da NATO
O ministro dos Negócios Estrangeiros russo avisou na terça-feira que a União Europeia (UE) "está a militarizar-se a um ritmo recorde" e a tornar-se agressiva no objetivo de conter a Rússia.
Sergey Lavrov (na foto) disse numa conferência de imprensa que não tem dúvidas de que existe agora "muito pouca diferença" entre a UE e a Organização do Tratado Atlântico Norte (NATO, na sigla em inglês).
Lavrov lembrou que as duas organizações assinaram recentemente uma declaração que, segundo o chefe da diplomacia russa, afirma essencialmente que a aliança militar de 31 membros da NATO garantirá a segurança da organização política e económica de 27 membros da UE.
O ministro referia-se a uma declaração de 19 de janeiro da UE e a NATO sobre a sua "parceria estratégica", na qual se considera a invasão russa da Ucrânia a 24 de fevereiro de 2022 "a mais grave ameaça à segurança euro-atlântica em décadas".
A mesma declaração refere que o momento atual exige uma cooperação mais estreita entre a UE e a NATO para fazer face à evolução das ameaças à segurança, afirmando que tal contribuirá para reforçar a segurança na Europa e não só.
A parceria encoraja o maior envolvimento possível dos membros da NATO que não pertencem à UE e dos membros da UE que não fazem parte da NATO, ainda que não se afirme que a NATO irá garantir a segurança da UE.
O Presidente russo, Vladimir Putin, há muito que se queixa da expansão da NATO e utilizou em parte esse facto como justificação para invadir a Ucrânia.
O ataque russo, no entanto, provocou receio nos outros países vizinhos e a Finlândia aderiu à NATO no início deste mês, após décadas de neutralidade.
Embora a NATO afirme que não representa uma ameaça para a Rússia, a adesão do país nórdico foi um duro golpe político para Putin.
A adesão da Finlândia duplica a fronteira da Rússia com a NATO, a maior aliança de segurança do mundo. A Suécia, um membro da UE, também está a tentar aderir à NATO e espera obter a aprovação final em breve.
O chefe da NATO, Jens Stoltenberg, declarou na semana passada que o "lugar legítimo" da Ucrânia é na aliança militar e prometeu mais apoio ao país na sua primeira visita a Kiev desde a invasão.
O Kremlin respondeu, repetindo que impedir a adesão da Ucrânia à NATO continua a ser um objetivo fundamental, argumentando que a adesão de Kiev à aliança constituiria uma ameaça existencial para a Rússia.
A Ucrânia também está a tentar aderir à UE e, em fevereiro, os líderes europeus prometeram que fariam tudo o que fosse necessário para apoiar a Ucrânia. Mas, não apresentaram um calendário para o início das conversações sobre a adesão à UE, como esperava o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.
Lavrov foi questionado sobre se a guerra na Ucrânia foi um erro de cálculo, uma vez que Moscovo se opõe fortemente à expansão da NATO e a invasão provocou a adesão da Finlândia, podendo seguir-se a Suécia e inclusive a Ucrânia.
"A NATO nunca teve qualquer intenção de parar", respondeu o ministro russo, apontando para a recente declaração UE-NATO e para o facto de, nos últimos anos, a Suécia e a Finlândia, não membros da NATO, "participarem cada vez mais nos exercícios militares da NATO e noutras ações destinadas a sincronizar os programas militares dos membros da NATO e dos Estados neutros".
Lavrov disse que foi prometido à Rússia em várias ocasiões que a NATO não se expandiria, o que "eram mentiras".
"As avaliações imparciais que os nossos cientistas políticos, bem como os estrangeiros, fizeram é que a NATO procurou dividir a Rússia", sustentou. "Mas no final só a tornou mais forte, aproximou-a. Por isso, não devemos tirar conclusões precipitadas sobre o resultado final", explicou o diplomata.