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A ponte

Na Dinamarca paga-se mais impostos do que em Portugal. Mas o nosso esforço fiscal é maior. Porque os ordenados no país nórdico são superiores. E apesar desse empenho nacional as condições dos sistemas de saúde e de educação ficam aquém do que seria justo ambicionar. Para não falar da habitação e do compromisso constitucional que supostamente a garantiria para todos.

Aderimos à União Europeia, obtivemos fundos que ajudaram o nosso desenvolvimento enquanto país, mas porque não houve crescimento económico suficiente (e continua a não haver), nunca progredimos como se esperava e ambicionava no que diz respeito ao nível de vida dos portugueses.

Uns dirão que é a grande lacuna do 25 de abril. Não subscrevo. O feito histórico devolveu-nos a liberdade e a democracia. Era aos sucessivos governos que cumpriria almejar e promover melhorias significativas na satisfação e conforto do seu povo.

A revolução proporcionou condições, a par do usufruto dos apoios comunitários, para que as pessoas pudessem evoluir, vivessem melhor e se aproximassem da maior prosperidade dos cidadãos dos países desenvolvidos da Europa. Se ainda o não alcançamos deve-se a falha dos diversos executivos e não do feito histórico que hoje comemoramos.

Há uns anos escrevi nestas páginas a história de um “puto” que à pergunta se sabia o que era o “25 de abril” respondeu que era uma ponte. E é. Sobre o Tejo. E foi. A que nos permitiu fazer a travessia da ditadura para a democracia. Falta-nos quem descubra a que ainda não encontramos, a que nos consinta passar da cauda da Europa, não diria para a súbita riqueza, mas para um justificável bem-estar. Hoje é um dia bom para os portugueses refazerem essa esperança.