Viva o 25 de Abril! Sempre!
Foi a Revolução dos cravos que trouxe a democracia e, com ela, a liberdade ao país
A noite mais tenebrosa, a noite que mais me marcou para o resto da minha vida, foi a noite de 24 de Abril para 25 de Abril de 1974. Por isso mesmo, não posso esquecer. Mais: tenho de relembrá-la para valorizar e manifestar o meu reconhecimento a todos aqueles que contribuíram para a madrugada libertadora. Quando se obtém alguma coisa com sofrimento, aprende-se a valorizá-la. E de que maneira…
Foi uma noite negra!
Já a manhã do dia 25 de Abril de 1974, foi radiante, luminosa, agradável, amena e todos os outros qualificativos que a possam valorizar.
Foi a Revolução dos cravos que trouxe a democracia e, com ela, a liberdade ao país, depois de 48 anos de repressão e ditadura fascista.
Quero lembrar todos os lutadores que lutaram pela nossa liberdade e, por isso, sofreram nas masmorras e nas mãos da polícia política criada por Salazar, em 1945, com a apoio dos fascistas italianos e nazis alemães, denominada de Direcção Geral de Segurança (DGS) que, mais tarde, em 1969, Marcello Caetano amenizou-lhe o “nome”, sem perder a substância, chamando-lhe de Polícia Internacional de Defesa do Estado (PIDE). Uns pagaram com a perda ou limitação das liberdades individuais, com as violências infringidas com o objectivos de os vergar e, muitos ainda, com a própria vida.
Muitos desses lutadores anti-fascistas, depois de detidos, foram julgados em tribunais plenários que, eram tão céleres, que os detidos entravam na qualidade de arguidos, mas já com o acórdão da condenação e da pena atribuídas… Eram autênticas farsas criadas pelo regime, com a cumplicidade de numerosos juízes, para “legalizar” o mais puro arbítrio dos governantes, por forma a calar e eliminar os opositores.
A todos os envolvidos na revolução do 25 de Abril, especialmente ao meu comandante de esquadrão Salgueiro Maia, pela coragem da atitude que teve na Praça do Comércio ao dar o peito ao “inimigo” evitando assim o desencadear duma troca de tiros que poderiam descambar para o mais negro dos cenários. Foi a este capitão de Abril, falecido em 1992, que o Prof. Cavaco Silva, enquanto primeiro ministro, recusou uma pensão, mas atribuiu-a a dois PIDES, “por altos serviços prestados à Pátria”. Saberá ele porquê…
At last, but not the least, merecem uma palavra especial, as famílias de todos os que passaram por estas agruras. Anonimamente e em segredo, portas adentro, penaram com o seu próprio sofrimento e o alheio, conhecedores, da situação por que estavam a passar, às mãos dos algozes da ditadura, todos os opositores que, um dia, resolveram assumir a discordância com o regime.
Enfim, hoje e sempre, o meu profundo agradecimento a todos os que contribuíram para a manhã libertadora de 25 de Abril de 1974!