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Ministros prometem levar queixas da comunidade a Lula, mas imigrantes queriam ver o presidente

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Ministros brasileiros prometeram hoje, após uma encontro com representantes de 40 organizações brasileiras em Portugal, levar ao Presidente do Brasil as queixas e sugestões apresentadas, mas os imigrantes queriam ver Lula da Silva.

"Recebemos uma série de sugestões para correções na relação das embaixadas e dos consulados com os migrantes do Brasil, não só em Portugal, mas em França, Irlanda e Espanha", disse Sílvio Almeida, ministro dos Direitos Humanos, em conferência de imprensa, após a reunião os representantes das comunidades.

De acordo com Sílvio Almeida, desta reunião sairá um relatório para entregar a Mauro Vieira, ministro das Relações Exteriores do Brasil, com "todas essas sugestões" que vão desde a mudança de horários de atendimento da embaixada, à existência de um telefone para contacto permanente dos migrantes ou a questões relacionadas com preconceitos de que os brasileiros dizem ser alvo em Portugal.

Sílvio Almeida garantiu também dar conhecimento ao Presidente Lula da Silva das questões levantadas no encontro, organizado pelo núcleo do Partido dos Trabalhadores (PT) brasileiro em Portugal (PT), e que contou ainda com a presença dos ministros Márcio Macedo, da Presidência da República, e Anielle Franco, da Igualdade Racial.

O ministro Márcio Macedo sublinhou, por seu lado, a "vontade de construir cooperação" que diz ter registado nos encontros com elementos do governo português para resolver os problemas apontados pelos imigrantes.

Em declarações à Lusa, também após o encontro, que decorreu no hotel em Lisboa onde está instalada a comitiva que acompanha o Presidente do Brasil na sua visita oficial de cinco dias a Portugal, o responsável do núcleo do PT em Portugal, Pedro Prola, disse que saiu "satisfeito do encontro com os três ministros".

Admitiu, no entanto, que a comunidade gostaria que tivesse sido previsto um encontro com o Presidente Lula da Silva durante a visita de Estado, que termina na terça-feira.

De acordo com Pedro Prola, o encontro permitiu levantar questões importantes relacionadas com a população brasileira e colocar em diálogo com o governo associações, coletivos, movimentos estudantis e partidos políticos.

"Foram trazidos vários problemas que agora vão ser incluídos naquilo que é uma preocupação de política pública para a população brasileira no exterior", disse, mostrando-se "muito satisfeito" com a forma como decorreu a reunião.

Questionado sobre "uma certa desilusão" pelo facto de o Presidente Lula não ter previsto um encontro alargado com a comunidade brasileira em Portugal, o coordenador do núcleo do PT desdramatizou, lembrando "a agenda carregada" do chefe de Estado brasileiro e assinalando que, em novembro, este já se tinha encontrado com a comunidade, embora ainda apenas como presidente eleito.

Realçando que no encontro com os ministros foi possível colocar as reivindicações "diretas da população", admitiu que um encontro com o Lula teria "outra dimensão".

"O pessoal quer ver o Lula, quer estar com ele. Por isso, não tem nada que substitua o Lula para ninguém", rematou

Por seu lado, Carlos Viana, ex-dirigente da Casa do Brasil em Lisboa, considerou que Lula da Silva "tem a obrigação, como Presidente, de fazer um grande encontro com a comunidade para a ouvir".

Defendeu que o Presidente brasileiro devia seguir o exemplo dos chefes de Estado portugueses, que se encontram sempre com as comunidades quando vão ao estrangeiro.

O Presidente do Brasil, que está em Portugal desde sexta-feira, não teve hoje agenda oficial, mas a comunidade brasileira reuniu-se numa festa em sua homenagem na Voz do Operário, em Lisboa, e a expectativa era que Lula da Silva pudesse aparecer de surpresa no evento.

Depois de um encontro com o homólogo português, Marcelo Rebelo de Sousa, e de ter participado na 13ª cimeira luso-brasileira, no sábado, Lula da Silva retoma a agenda oficial na segunda-feira, participando durante a manhã no Fórum Empresarial Portugal-Brasil, no Porto.