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Manuel Alegre diz que PR não tem que fazer ameaças sobre dissolução

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O histórico socialista Manuel Alegre afirmou hoje que o Presidente da República não deve fazer ameaças sobre a dissolução do Parlamento, manifestando a convicção de que não fará, apesar de ter esse poder.

"O Presidente da República não tem que fazer ameaças, tem o poder de dissolução [da Assembleia da República], se quer dissolver, dissolve", disse Manuel Alegre aos jornalistas, à chegada ao pavilhão Rosa Mota, no Porto, onde decorre a festa dos 50 anos do Partido Socialista.

Questionado sobre as críticas do Presidente da República ao Governo, Manuel Alegre afirmou que "a critica faz parte da democracia", recusando criticar Marcelo Rebelo de Sousa, de quem disse ser amigo.

"Mas ele não vai dissolver [o parlamento], porque o PS é um garante da estabilidade política em Portugal", acrescentou.

Na sexta-feira passada, em Braga, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, afirmou que a dissolução da Assembleia da República "seria uma má notícia", mas sublinhou que "às vezes tem de haver más notícias".

"Se tiver de haver, que seja o mais tarde possível", referiu.

Marcelo Rebelo de Sousa considerou importante não introduzir fatores de instabilidade, imprevisibilidade e insegurança, sobretudo numa altura em que o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) está em curso e o Portugal 2030 está em fase de arranque.

Nesse sentido, apelou aos responsáveis políticos "de todos os lados" para fazerem "tudo o que puderem" no sentido de garantir estabilidade no país.

"Todos nós agradecemos. Agradecem os cidadãos e agradece o Presidente da República, que fica dispensado de uma decisão que é sua e só sua", afirmou.

Ao invés, "seria uma má notícia - e nós normalmente dispensamos as más notícias - o ter de introduzir um fator adicional político complementar, a meio deste período de execução de fundos e de enfrentamento da situação económica e financeira existente", referiu.

No entanto, logo a seguir, o chefe de Estado admitiu que, "às vezes, tem de haver más notícias".

"O ideal é que não haja. Se tiver de haver, que seja o mais tarde possível, com o mínimo de custos em termos de instabilidade. E o mais próximo possível da transição que, em qualquer caso, poderia, se fosse essa a vontade do bom português, ocorrer", acrescentou.