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A léria

A Finlândia pertence à União Europeia. E desde o dia 4 é o 31º membro da NATO. A particularidade que torna este momento histórico e superlativo deriva do facto geográfico de possuir uma fronteira de 1.349 Km com a Rússia. Que a juntar à distância que detêm outros 5 países daquela organização mais do que dobra o tamanho dos limites da separação territorial com a república de Putin.

Só que este estado nórdico não acrescenta só fronteira. Apesar da posição de neutralidade adoptada desde a segunda grande guerra, a vizinhança com a Federação Russa e a extensa linha de delimitação manteve os finlandeses sempre atentos e prevenidos quanto à sua defesa e com as forças armadas capazes e prontas a intervir caso fosse necessário.

O serviço militar é obrigatório, tem 23.000 soldados no activo, 14.000 paramilitares, uma força de 280.000 soldados prontos para serem mobilizados em caso de conflito, 900.000 cidadãos em situação de reserva, numa população de 5,5 milhões.

Ora, esta adesão denuncia uma contundente derrota para o Kremlin, que sempre quis a Organização do Tratado do Atlântico Norte longe e, agora, está às suas portas numa vasta extensão de 2.600 Km. E torna a justificação para a guerra que trava contra o povo ucraniano uma grande léria. O argumento era exactamente não querer ter a NATO por perto. Uma vez que a nação agora invadida reclamou querer pertencer àquele bloco.

Sem que para já pertença foi, no entanto, atacada por Putin. Mas com o país mais a norte, que agora consumou a adesão, os imperialistas russos nem chegaram próximo. Então porquê? O que tinha a Ucrânia que não possuía a Finlândia? Ou vice-versa?