O 25 de Abril visto pelos olhos de quem o viu
Pelos vistos cada qual avalia o 25 de Abril de 1974 pelo seu prisma ou pela sua conveniência.
E muitos são aqueles – talvez a maioria – que dele falam não porque o tivessem vivido, mas porque ouviram falar, estudaram ou tomaram conhecimento através da Comunicação social.
Assim como falamos ou opinamos, digamos, sobre a era de D. Afonso Henriques.
Não vimos, não estávamos lá, soubemos pelo que estudamos ou lemos o que não quer dizer que esteja tudo certo, como acontece, aliás, com o que lemos e ouvimos sobre o 25 de Abril.
Bom, mas como todas as pessoas estão no seu direito de se pronunciar sobre Abril 74, nós temos também esse privilégio e vamos aproveitá-lo se bem que de modo diferente.
Partimos do princípio que, Portugal não é um país, mas um homem com esse nome.
Um homem que nasceu, (já meio acelerado da cabeça) teve sempre uma vida agitada e inconstante, com muitas lutas e, valha a verdade, algumas conquistas, mas como a cabeça não era lá muito boa praticamente tudo o que conquistou foi perdendo pela vida fora.
Por volta dos anos 20 (mais precisamente em 1926) passou a sofrer de uma grave enfermidade de um dos membros inferiores e só se movimentava com a PERNA DIREITA.
Andou cambado décadas!
A ESQUERDA não contava, a não ser para ser responsabilizada pelos seus insucessos, no tocante à sua evolução, restrita educação, bem-estar na vida e tudo o mais que não fazia.
Até que um dia (25 de Abril de 1974) determinados membros da família decidiram fazer-lhe uma OPERAÇÃO para que Portugal a partir daí pudesse contar com A PERNA ESQUERDA e desse modo ter outra dinâmica, ser mais desenvolto, progredir, recuperar o tempo perdido.
Toda a família de Portugal ficou contente, pensou que ele se tornaria outro, que a “operação” o ajudasse no seu progresso, no seu desenvolvimento, na sua prosperidade.
Só que, pouco tempo depois, Portugal tinha sérias razões de queixa da PERNA ESQUERDA.
Ou porque a OPERAÇÃO fora mal feita ou porque deixaram a recuperação de Portugal a cargo de incompetentes, de indivíduos sem escrúpulos, sem conhecimentos, sem experiencia obrigando a que fosse feita nova “OPERAÇÃO” agora a 25 de Novembro de 1975.
O estado de” saúde” de Portugal melhorou mas os estragos advindos da 1ª OPERAÇÃO não se dissiparam por completo e o enfermo continuou a sofrer amargamente.
Mas como Deus não fecha uma porta que não abra uma janela, lá arranjou uns parentes na Europa que deitaram a mão a Portugal.
Estes sim, tudo fizeram para o reabilitar e do ponto de vista financeiro encheram-lhe os bolsos de dinheiro, (um dado, outro emprestado) e tornaram-lhe a vida numa maravilha.
Só que, a cabeça não mudara e em lugar de aproveitar as dádivas, Portugal rodeou-se de uma serie de malabaristas, ladrões, oportunistas, corruptos e vigaristas que o sugaram a mais não poder e pelo que sabemos já não tem dinheiro para pagar (condignamente) os estudos dos filhos, (os professores) tratar bem da saúde dos familiares e ajudar em muitas das necessidades dos seus dependentes, salvo dando-lhes umas esmolas esporadicamente.
Porém, os que andaram todos estes anos às costas (e às custas) de Portugal, criando fortunas ou meios que lhes permitiu fazer uma vida de “regabofe” em novos, e de “Reis e Rainhas” depois de velhos, acham que tudo o que têm se deveu à “operação” do 25 de Abril e lá todos os anos, comemoram a data com pompa e circunstancia.
Dão música, lançam foguetes e os “bobos da festa” encarregam-se de apanhar as canas.
Juvenal Pereira