Polícias em protesto para alertar Governo sobre problemas que continuam por resolver
Algumas dezenas de polícias assinalaram hoje os 34 anos do episódio que ficou conhecido como "secos e molhados" com uma concentração em Lisboa para chamar a atenção do Governo para os problemas que continuam por resolver na PSP.
"Passados 34 anos dos 'secos e molhados' ainda falta conquistar muita coisa e estamos a falar de direitos essenciais", disse à agência Lusa o presidente do Sindicato dos Profissionais da Polícia (SPP/PSP), Paulo Macedo, durante a concentração em frente à Presidência do Conselho de Ministros.
A concentração para assinalar os 34 anos da carga policial sobre elementos da PSP, conhecida por "secos e molhados" foi convocada pelo SPP, mas outros dirigentes sindicais também marcaram presença no protesto, como o Sindicato Nacional de Polícia, a Associação Sindical Autónoma de Polícia e a Associação Representativa dos Polícias.
Paulo Macedo disse que o SPP escolheu a Presidência do Conselho de Ministros para fazer o protesto, em vez do Ministério da Administração Interna (MAI), porque "é um local simbólico" e os problemas dos polícias passam por todo o Governo.
"Não só o ministro da Administração Interna tem responsabilidades acrescidas e especiais no que diz respeito à PSP, mas sim todos os ministros, a começar pelo primeiro-ministro, têm a obrigação de resolver os problemas dos polícias, que não têm sido resolvidos até aqui", disse.
Entre os problemas e reivindicações estão, segundo o presidente da SPP, a remuneração "muito baixa" na PSP, que "não é condizente com a profissão de risco", pré-aposentação de acordo com estatuto, aumento de vagas para agentes e um sistema de saúde digno, uma vez que pagam mensalmente um valor elevado para este subsistema.
Paulo Macedo precisou que "há um estatuto aprovado que não é cumprido, em que os polícias não conseguem ascender à pré-aposentação de acordo com que está plasmado desse documento, ou seja, 55 anos e 36 anos de serviço, o que os leva a permanecer na PSP muito para além disso" e lamentou que existam diariamente polícias agredidos e que o Governo "ainda não tenha feito nada para acautelar essa situação".
O presidente do SPP frisou também que os polícias exigem "direito à greve", sustentando que Portugal é um país democrático, mas na PSP "não há o direito à greve".
Como exemplo, referiu que recentemente a PSP passou a ter responsabilidades nos aeroportos no âmbito do processo de extinção do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), mas os inspetores do SEF "tinham direito à greve e ordenados muito mais elevados" e os polícias neste momento estão a efetuar as mesmas funções "com ordenados muito mais baixos e sem direito à greve".
O SPP entregou na Presidência do Conselho de Ministros um caderno reivindicativo com os principais problemas dos polícias.
O episódio lembrado hoje aconteceu em 21 de abril de 1989, e foi a primeira vez que polícias (secos) usaram canhões de água contra outros polícias (molhados) que se manifestavam para exigir sobretudo liberdade sindical, uma folga semanal, transparência na justiça disciplinar com direito de defesa, melhores vencimentos e instalações.