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Autoridades investigam morte de detido por corrupção na Venezuela

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O Ministério Público da Venezuela ordenou a investigação da morte, sob custódia do Estado, de Leoner Azuaje Urrea, um dos 80 detidos por alegado envolvimento em esquemas de corrupção em várias empresas estatais.

O anúncio foi feito pelo procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, na sequência da morte de Urrea, na quinta-feira, dois dias depois da detenção.

"Encarreguei os procuradores (...) de investigarem o lamentável suicídio do cidadão Leoner Azuaje Urrea no lugar de detenção", anunciou Tarek William Saab na sua conta da rede social Twitter.

O responsável explicou que instruiu "a Unidade Criminalista do Ministério Público, em conjunto com o Corpo de Investigações Científicas, Penais e Criminalísticas [CICPC, antiga Polícia Técnica Judiciária] para realizar a inspeção técnica, as entrevistas e a autópsia".

Segundo a imprensa local, Leoner Azuaje Urrea, de 39 anos, morreu na prisão de El Helicoide, do Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional da Venezuela (SEBIN), após ter sido apresentado, em 19 de abril, perante um tribunal especial anticorrupção por alegadas irregularidades como presidente da empresa estatal Cartones de Venezuela.

Formado pela Universidade Central da Venezuela, Urrea era engenheiro mecânico e integrava a secretaria executiva da presidência do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), o partido do Governo do Presidente Nicolás Maduro.

Os últimos dados divulgados pelas autoridades venezuelanas dão conta da detenção de 80 pessoas, nas últimas semanas, por alegado envolvimento em esquemas de corrupção em várias empresas do Estado, nomeadamente a Petróleos da Venezuela SA (PDVSA) e a Superintendência de Cripto-ativos (Sunacrip).

Vinte ordens de detenção estão por executar e as autoridades confirmaram que foram realizadas 172 buscas.

Em 26 de março, o Ministério Público da Venezuela informou que tinham sido detidos altos funcionários públicos e empresários envolvidos em atos de corrupção na empresa petrolífera estatal.

O MP adiantou que foram ainda detidos dois juízes e um advogado alegadamente envolvidos em atos de corrupção no sistema judicial venezuelano, e emitidos mandados de detenção contra pessoas relacionadas com delitos em operações com cripto-ativos.

As detenções, realçou o procurador, são o resultado da primeira fase de uma investigação que envolve também um número bastante elevado de altos e médios funcionários dos poderes executivo, legislativo e judicial.

Tarek William Saab afirmou que se trata do 31.º esquema de corrupção investigado pelo MP desde 2017 e relacionado com a indústria petrolífera venezuelana. Ao todo, o esquema envolveu 194 pessoas, das quais 75 foram julgadas e condenadas, reforçou.

Os detidos que estão relacionados com os casos de corrupção na petrolífera venezuelana são acusados de crimes como a apropriação ou desvio de bens públicos, uso de relações ou influência, de branqueamento de capitais e associação criminosa.

"Foi detetada uma rede de funcionários que, aproveitando-se das suas posições e níveis de autoridade, procederam a realizar operações petrolíferas paralelas às da PDVSA (...) acreditando que não seriam descobertos, através da Superintendência de Cripto-ativos e do carregamento de petróleo em barcos, sem controlo administrativo ou garantias, em violação dos regulamentos de contratação necessários para o efeito", explicou.

A rede, acrescentou, recrutava jovens de ambos sexos para os incluir na rede de branqueamento de capitais, a quem recompensava com uma vida de luxos, ilegal e criminosa.