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China tentou adquirir conhecimento e bens do sector aeroespacial neerlandês

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A China tentou adquirir conhecimento e bens do setor aeroespacial neerlandês, em parte à margem das restrições à exportação deste país, revelou hoje o serviço de inteligência militar dos Países Baixos (MIVD).

"Os Países Baixos continuam a ser alvo de espionagem por parte da China, especialmente no campo da indústria de semicondutores, tecnologia quântica, indústria aeroespacial e marítima", especificou o MIVD, citado pela agência France-Presse (AFP).

O serviço de inteligência militar neerlandês "detetou e impediu", em 2022, "várias tentativas chinesas de adquirir tecnologia" militar, destacou o responsável do MIVD, Jan Swillens, no seu um relatório anual.

"Empresas neerlandesas, institutos de conhecimento e cientistas estão a ser visados em larga escala", alertou.

"A China está a desenvolver rapidamente armas avançadas com tecnologias avançadas", destacou ainda Swillens, referindo-se a "diferentes tipos de armas antissatélite com caráter altamente destrutivo".

A China está a trabalhar arduamente para lançar satélites no espaço, de acordo com o MIVD.

Pequim tem programado 100 lançamentos por ano, acima dos cerca de 40 em 2020.

Estes são principalmente "satélites de inteligência, vigilância, reconhecimento (ISR) e comunicação", acrescentou o MIVD.

Além disso, os chineses pretendem, de acordo com o MIVD, tornar-se precursores das redes de comunicação quântica no espaço, permitindo uma comunicação mais rápida, de forma mais segura, em todo o mundo.

"Esta forma de comunicação é mais difícil de intercetar", conferindo "uma grande vantagem militar", apontou o serviço de inteligência militar neerlandês.

O MIVD também identificou certas empresas de fachada utilizadas pela China para contornar as restrições à exportação.

O serviço de inteligência neerlandês (AIVD) já tinha alertado na segunda-feira que a China era a "maior ameaça à segurança económica dos Países Baixos".

Os neerlandeses são destacadamente os líderes europeus em máquinas para o fabrico de 'chips', os componentes eletrónicos essenciais para o funcionamento de smartphones, carros, mas também equipamentos militares.

Após pressão dos Estados Unidos, Haia anunciou em março um travão à exportação de tecnologias para o fabrico de 'chips' eletrónicos por questões de segurança.

Esta decisão foi duramente criticada pela China, que para fabricar 'chips' precisa de máquinas produzidas principalmente pela empresa neerlandesa ASML, principal fabricante de semicondutores da Europa.