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Brasil dá prioridade à cooperação e paz no Atlântico Sul

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O ministro das Relações Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, assumiu hoje a prioridade que o país quer dar ao Atlântico Sul, através da promoção da cooperação e de relações de paz com África.

"O nosso objetivo é proteger essa área. E proteger sob todos os ângulos e todas as dimensões. E transformar essa área numa área de paz, sobretudo uma área de cooperação. Isso é o que nós queremos, o nosso objetivo", afirmou o chefe da diplomacia brasileira em declarações à Lusa à margem da VIII reunião ministerial da Zona de Paz e Cooperação do Atlântico Sul (Zopacas), na ilha cabo-verdiana de São Vicente.

O ministro recordou que a Zopacas, que reúne 21 países africanos e três da América do Sul, é um "projeto antigo" e "muito caro" para o Brasil, em que o país participou "desde a conceção" e que pretende revitalizar.

Cabo Verde assumiu hoje a presidência da Zopacas, nesta reunião ministerial que se realiza depois de um interregno de dez anos sem atividade.

"Cabo Verde vai ter um papel importante porque é um país estrategicamente localizado entre a América do Sul, entre o Brasil e o continente, e a costa atlântica do continente africano. É o primeiro ponto da África, do continente africano, mais próximo do Brasil. E é um país com o qual temos relações tradicionais importantes em todas as áreas, em todos os aspetos, de cooperação bilateral, de intercâmbio educacional, cultural e também de colaboração em organismos internacionais", recordou Mauro Vieira.

"Na cooperação, aí entra o aspeto da preservação e da exploração sustentável para beneficiar as populações dos países ribeirinhos, dos países que margeiam o Atlântico Sul. Então, essa é a importância que nós atribuímos à organização, ao conceito de Zopacas, relações de paz, cooperação do Atlântico Sul", acrescentou.

Com sede em Brasília (Brasil), a Zopacas foi criada por resolução das Nações Unidas em 1986, com o objetivo de evitar a introdução de armamentos nucleares e outros de destruição em massa na região, bem como através do multilateralismo, aproveitar todo o potencial socioeconómico do corredor atlântico.

A VII reunião ministerial (Negócios Estrangeiros ou Relações Exteriores) dos Estados-membros desta organização realizou-se em Montevidéu (Uruguai) em janeiro de 2013, país que assumiu a presidência da Zopacas até agora.

Entretanto, o Brasil assumiu hoje a disponibilidade para receber, dentro de dois anos, a IX reunião ministerial da organização, e consequentemente a presidência.

São signatários da Zopacas, além de Brasil e Cabo Verde, também Angola, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe e Guiné Equatorial (todos membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa).

Integram igualmente a organização a África do Sul, Benim, Camarões, Costa do Marfim, Gabão, Gâmbia, Gana, Guiné-Conacri, Libéria, Namíbia, Nigéria, República do Congo, República Democrática do Congo, Senegal, Serra Leoa e Togo (África), bem como a Argentina e o Uruguai (América do Sul).

Nesta reunião ministerial, que vai decorrer durante todo o dia, serão adotados dois "documentos fundamentais" segundo a presidência cabo-verdiana, casos da Declaração do Mindelo e do Plano de Ação do Mindelo, "que irão nortear as atividades da Zopacas durante os próximos dois anos".