Catherine Ashton considera inevitável reaproximação de Reino Unido à UE
A ex-chefe da diplomacia europeia Catherine Ashton considerou hoje inevitável que o Reino Unido se reaproxime da União Europeia (UE), apesar do Brexit, decisão que lamentou.
"Uma situação num determinado momento, na minha opinião, não era a melhor forma de determinar o futuro de uma nação", afirmou a antiga alta representante da UE para os Negócios Estrangeiros e Política de Segurança num evento organizado pelo Instituto Aspen.
Na opinião desta antiga diplomata britânica, "não há dúvida agora que o que vamos ver acontecer é o Reino Unido procurar desenvolver laços mais fortes e mais estreitos com a União Europeia".
As relações entre Londres e Bruxelas têm estado sob tensão desde a decisão, iniciada por um referendo em 2016, de o Reino Unido sair do bloco europeu após mais de 40 anos enquanto Estado membro.
O processo de saída foi acrimonioso e prolongou-se durante vários anos, tendo apenas sido concluído formalmente em 31 de janeiro de 2020. Mas mesmo depois, as relações continuaram azedas.
Porém, vários analistas têm referido uma maior disposição do primeiro-ministro, Rishi Sunak, para se aproximar dos 27, ao negociar o acordo-quadro de Windsor para a Irlanda do Norte ou participando nos encontros da Comunidade Política Europeia.
"Penso que existe um reconhecimento de que, economicamente e em termos de políticas de defesa e segurança dos negócios estrangeiros, deveríamos estar a trabalhar muito de perto com os nossos aliados óbvios", afirmou Ashton.
Durante o evento, intitulado "O Futuro da Diplomacia Europeia", a antiga diplomata avisou que o grau de cooperação vai depender do governo eleito nas próximas eleições legislativas, previstas para 2024.
A aproximação "vai ser mais rápida ou mais lenta e vai ser diferente, mas penso que é esse o sentido de marcha", disse a antiga vice-presidente da Comissão Europeia entre 2009 e 2014, na altura comandada pelo português Durão Barroso.