Libertados 104 prisioneiros de guerra na Arábia Saudita
Cento e quatro prisioneiros de guerra foram libertados na Arábia Saudita e regressaram hoje para o Iémen, na sequência de uma importante troca de 869 presos ocorrida nos últimos dias, anunciou o Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV).
Dois aviões do CICV, cada um com 48 pessoas a bordo, partiram para Sanaa -- que está nas mãos dos rebeldes xiitas Huthis -, enquanto outras oito embarcaram num terceiro voo para Áden -- onde está instalado o Governo do Iémen reconhecido pela comunidade internacional.
Esta operação "unilateral" de hoje é independente da troca de prisioneiros que aconteceu entre sexta-feira e domingo, disse à agência de notícias France-Presse (AFP) a porta-voz do CICV, Jessica Moussan.
"Saudamos esta iniciativa e estamos felizes em ver que as questões humanitárias estão a ser levadas em consideração para reunir as famílias", declarou a porta-voz.
A troca de prisioneiros está a acontecer no âmbito de um acordo alcançado em março na Suíça entre o Governo iemenita, apoiado por uma coligação militar liderada pela Arábia Saudita, e os rebeldes Huthis, próximos do Irão.
É a maior desde a libertação de mais de 1.000 prisioneiros em outubro de 2020. Espera-se que este seja o primeiro sinal para a paz no Iémen.
O conflito no Iémen iniciou-se em 2014 após os Huthis se terem revoltado contra o Governo e assumido o controlo da capital Sanaa e de outras províncias do norte e oeste do país.
No ano seguinte, uma coligação militar liderada pela Arábia Saudita envolveu-se no conflito contra o movimento xiita rebelde.
Os combates associados à guerra civil no Iémen causaram a morte a mais de 150.000 pessoas, incluindo mais de 14.500 civis.
O conflito é considerado pela ONU como a maior tragédia humanitária do planeta, atualmente, com 80% da população do país a necessitar de algum tipo de assistência para colmatar as suas necessidades básicas.
Ainda sobre a operação de hoje, a porta-voz do CICV afirmou que a organização internacional forneceu transporte aéreo e apoio logístico e organizou entrevistas com os presos libertados.
Já o porta-voz da coligação militar, Turki al-Maliki, confirmou as novas libertações, destacando que estas "completam" a troca de prisioneiros.
Este "alargamento de iniciativas humanitárias anteriores" visa "estabilizar" a trégua e criar "uma atmosfera de diálogo", disse Maliki, citado pela agência de notícias oficial saudita SPA.
A libertação destes 104 presos, poucos dias antes do feriado muçulmano de Eid al-Fitr, que marca o fim do mês de jejum do Ramadão, eleva para 973 o número de presos libertados desde a passada sexta-feira.
A trégua de seis meses mediada pela ONU, que começou em abril de 2022, não foi renovada quando expirou em outubro, mas a situação tem permanecido calma no terreno.
Na semana passada, uma delegação saudita, acompanhada por mediadores de Omã, viajou para Sanaa com o objetivo de retomar a trégua e lançar as bases para um cessar-fogo mais duradouro.
As esperanças de paz no Iémen foram reavivadas pela inesperada reaproximação entre a Arábia Saudita e o Irão, que anunciou em março a sua intenção de restabelecer as relações diplomáticas com os sauditas após sete anos de rutura.