A Empresa de Electricidade da Madeira (EEM) lançou, esta segunda-feira, o concurso público para a empreitada de colocação/construção do compensador síncrono da Madeira, uma estrutura que irá integrar o sistema eléctrico regional, com vista ao aumento da potência de curto-circuito, bem como o aumento da inércia natural e, ao mesmo tempo, a regulação de tensão, em cenários de produção com muita energia renovável.

O valor base agora colocado a concurso é de 7,8 milhões de euros, sendo que estamos perante um projecto que está incluído no Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). Há cerca de dois anos, para este mesmo equipamento era apontado um investimento de 4 milhões de euros.

O novo equipamento deverá ser instalado numa plataforma da Zona Industrial do Caniçal, tendo a obra um prazo de execução de pouco mais de 14 meses (450 dias), devendo, por isso, ficar concluída apenas no segundo semestre do próximo ano.

Este novo equipamento pretende-se contribuir para a operação segura do sistema eléctrico madeirense, com recurso integral a energias renováveis. Deverá ter uma capacidade mínima de 15 MVAr, contribuindo para a potência de curto-circuito, inércia natural e regulação de tensão, em situações de térmica nula, isto é, sem geradores térmicos ligados à rede.

Este compensador irá, como o próprio nome indica, compensar parte das funções asseguradas, até agora, por geradores térmicos, e vem complementar os projectos de sistemas de baterias. "Juntamente com as centrais hidroeléctricas e as baterias de potência, que têm vindo a ser instaladas, estes equipamentos vão permitir, a curto prazo, acomodar no sistema eléctrico mais 50 MW de energia renovável, contribuindo de forma efectiva para a meta dos 50% a atingir em 2025", refere, ao DIÁRIO, a EEM.

Conforme nota a Empresa de Electricidade da Madeira, a solução combinada do novo sistema de baterias com o compensador síncrono vai permitir alcançar a exploração segura do sistema eléctrico, num contexto de produção sem componente termo-eléctrica, ou seja, assente nas energias renováveis.

Actualmente, "os serviços de sistema da Rede Eléctrica da Madeira, nomeadamente a regulação da tensão e da frequência da rede, são fornecidos, essencialmente, pelas máquinas térmicas da Central da Vitória", esclarece a EEM. Com o aumento da energia produzida a partir de fontes não térmicas, as exigências de regulação sofrem algumas alterações, que levam à instalação de novos equipamento, como o compensador síncrono que foi hoje colocado em concurso. 

"A introdução de maiores produções de energia renovável no sistema, proveniente de geração Fotovoltaica ou Eólica, permite retirar máquinas térmicas da rede, com os benefícios ambientais e de redução de consumo de combustíveis fósseis conhecidos, mas perdendo-se essa possibilidade de regulação feita por esses equipamentos", adianta aquela empresa pública, apontando que "o gerador síncrono é um equipamento que permite precisamente fornecer esses serviços de sistema, mantendo a estabilidade da rede, à medida que vão sendo introduzidos novos centros produtores de energia renovável". 

"Para a estabilidade da rede, e aumento da energia renovável, contribuem também, de forma decisiva os investimentos já feitos na Central da Calheta III, na ordem dos 70 milhões de euros e todos os investimentos em curso ao abrigo do PRR, no valor de 69 milhões de euros, dos quais faz parte este Gerador Síncrono a instalar numa plataforma da Zona Industrial, no Caniçal", conclui a EEM, dando nota dos investimentos feitos nos últimos anos no âmbito das energias renováveis.