Opositor russo Kara-Murza condenado a 25 anos de prisão por alta traição
Um tribunal de Moscovo condenou hoje o ativista da oposição e jornalista russo Vladimir Kara-Murza a 25 anos de prisão por várias acusações, incluindo alta traição, noticiou a imprensa internacional.
Após um julgamento à porta fechada, o tribunal anunciou que julgou Kara-Murza culpado de "alta traição", de espalhar "informações falsas" sobre o exército russo e trabalho ilegal para uma "organização indesejável", segundo um jornalista da agência de notícias AFP.
O opositor foi condenado a uma pena cumulativa de 25 anos numa colónia penal, que implica condições de prisão mais rígidas.
Citada por agências de notícias russas, uma das suas advogadas, Maria Eismont, anunciou que Kara-Murza vai apelar da sentença, denunciando ainda "graves violações de procedimento" durante o julgamento.
Na sua última declaração, realizada na semana passada, Kara-Murza disse que continua orgulhoso de enfrentar o Presidente russo, Vladimir Putin, e a sua decisão de enviar tropas para a Ucrânia.
"Eu sei que chegará o dia que as trevas que cobrem o nosso país irão se dissipar", declarou Kara-Murza em mensagens publicadas nas redes sociais e nos meios de comunicação da oposição russa.
"E, então, a nossa sociedade abrirá os olhos e estremecerá quando perceber os crimes terríveis que foram cometidos em seu nome", afirmou.
Vladimir Kara-Murza, um proeminente ativista da oposição que sobreviveu duas vezes a envenenamentos que foram atribuídos ao Kremlin, está preso há um ano.
O opositor negou as acusações, que considerou de cunho político, e comparou os processos judiciais que enfrenta aos julgamentos durante o Governo do ditador soviético Josef Estaline.
As acusações contra Kara-Murza também estão relacionadas ao discurso que realizou em 15 de março de 2022 na Câmara dos Representantes do Arizona, em que denunciou a guerra da Rússia na Ucrânia.
Os investigadores russos acrescentaram a acusação de traição quando o opositor já estava sob custódia.
A Rússia adotou uma lei que criminaliza a divulgação de "informações falsas" sobre os seus militares logo após o envio de tropas para a Ucrânia em 24 de fevereiro de 2022.
As autoridades estão a usar a lei para eliminar as críticas ao que o Kremlin classifica como "operação militar especial" na Ucrânia.
Kara-Murza era próximo do líder da oposição russa Boris Nemtsov, que foi morto perto do Kremlin em 2015.
O opositor sobreviveu a envenenamentos em 2015 e 2017, os quais atribuiu ao Kremlin. As autoridades russas negaram qualquer responsabilidade.
Outra figura proeminente da oposição, Ilya Yashin, foi condenada a oito anos e meio de prisão no final do ano passado sob a acusação de desacreditar os militares russos.