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Lusodescendente coordena projecto da ONU para reduzir gravidez prematura entre venezuelanas

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Foto Shutterstock

A docente lusodescendente Ana Maria Figueira é atualmente a coordenadora, para o estado venezuelano de Miranda, de um projeto do Fundo das Nações Unidas para a População (UNFPA) que tenta ajudar as jovens a reduzir a gravidez prematura.

A lusodescendente aposta ainda em ajudar as jovens a criar um projeto de vida próprio, em Brión, Independência e Baruta, três importantes municípios daquele que é que o segundo estado mais populoso da Venezuela, onde vivem mais de 4,6 milhões de cidadãos, mais de 30 mil deles originários de Portugal.

"Em Miranda há uma grande população de raparigas e dos rapazes que têm filhos a idade prematura. É uma região (estado) muito grande, que tem uma alta população estudantil juvenil, de rapazes e raparigas, que não têm claro um projeto de vida", explicou a docente.

Ana Maria Figueira falava à Agência Lusa no âmbito de uma reunião de trabalho e coordenação da UNFPA, que teve lugar em Caracas, durante a qual sublinhou que "é por isso nós estamos a dar-lhes formação para que possam entender, compreender e reagir, para transformar um projeto de vida próprio".

Por outro lado, explicou que está envolvida na área de Coordenação da Educação Integral da Sexualidade e que dá "formação aos docentes nas escolas, aos profissionais da saúde, aos líderes e aos porta-vozes das comunidades".

"Há adolescentes grávidas que se estão formando como docentes nas universidades locais, que refletem a realidade do que acontece atualmente em toda a Venezuela. Muitas estudantes universitárias já têm crianças e acodem às aulas, a fazer formação como docentes, levando com elas os seus meninos e meninas", explicou.

Ana Maria Figueira insistiu que "há muitas futuras docentes que têm filhos em idade prematura", uma realidade que "é preciso mudar" para que "possam ter um projeto de vida, assimilar a sua formação e encaminhar também os seus progenitores".

Sobre os portugueses e lusodescendentes, explicou que "em Miranda há uma importante comunidade portuguesa, que é muito conhecida e passou a ser ainda mais conhecida, em Los Teques e San António, devido à construção do Santuário de Nossa Senhora de Fátima".

No entanto, "somos uma comunidade que tem vergonha de falar de sexualidade, que tem preconceito" e que "é muito importante ter consciência da realidade que estamos vivendo atualmente".

"Tem sido um processo (lento) conseguir que os pais possam entender que não se trata apenas de dar-lhes uma educação com valores (...) que é preciso orientar os filhos para que tenham um projeto de vida, segundo as suas decisões e capacidade de planejamento", disse.

Segundo Ana Maria Figueira "a educação com valores empodera a população" e no caso dela própria, "como mulher, deu-me o empoderamento de planificar quando ter filhos".