O ensino do Karaté “é aconselhado para crianças, jovens, adultos e menos jovens, revelando-se como um formidável instrumento pedagógico, que contribui para o desenvolvimento harmonioso das relações intergeracionais”. E são muitos os testemunhos que apontam neste sentido, frisando que “a exposição a valores como perseverança, disciplina e respeito são úteis na vida académica e profissional, enquanto o treino rigoroso ajuda a desenvolver resistência física e mental”.

A Associação Shotokan Kokusai Karate de Santo António (ASKKSA), por exemplo, defende que “a génese e cultura do clube, de formação e educação, fazem com que todos estes factores comportamentais, morais e éticos, característicos da modalidade Karaté sejam transpostos para fora do ‘dojo’ (local de treino) e para outros domínios, como a escola, sociedade e família”.

Além disso, no aspecto físico e psicomotor a sua prática permite desenvolver todas as qualidades físicas, capacidades condicionais (resistência, força, velocidade, flexibilidade) e capacidades coordenativas (equilíbrio, coordenação dinâmica geral, percepção do esquema corporal, relação espaço temporal, percepção de ritmo e tempo, precisão gestual, lateralidade, memorização, entre outras), explicou ao DIÁRIO fonte desta associação que na presente época conta com cerca de 70 atletas activos, orientados por 8 treinadores e monitores, nos 2 dojos (Escola Horácio Bento Gouveia e Ginásio da Junta de Freguesia de Santo António), 5 dias por semana, entre as 19h30 e as 21h30.

A ASKKSA, que completou neste mês de Abril 23 anos de existência, já conquistou cerca de 60 pódios, entre campeões nacionais, vice-campeões nacionais e medalhas de bronze, em Campeonatos Nacionais Federativos, Individual e Equipa nos mais diversos escalões, em Campeonatos Europeus WKF, individuais, e de clubes, e em provas internacionais (solo português) que motivaram louvores de entidades regionais e nacionais.

O objectivo continua a ser “promover interna e externamente, os valores associados ao Karaté enquanto prática desportiva, marcial e educativa, com a metodologia LTD (Long Term Development – Canada); reconhecimento público do Karaté como uma prática que promove valores éticos fundamentais para o desenvolvimento do ser humano; participação e relação harmoniosa e socialmente exemplar entre todos os agentes envolvidos na prática de Karaté; aumento da participação de praticantes, também em colectivos determinados (crianças, mulheres, idosos, pessoas portadoras de deficiência); difusão de valores fundamentais, também associados ao património histórico e cultural do Karaté; reconhecimento e divulgação de praticantes, clubes, treinadores, dirigentes, estágios, que constituam exemplos a seguir e que sejam inspiradores; promoção e divulgação do Karaté estilo Shotokan SKI na Região; promoção e divulgação do Karaté como modalidade Olímpica e aumentar a demografia federada regional nos diversos escalões etários; e participação e obtenção de resultados de destaque, em provas de caráter regional, nacional e internacional”.

O que é o Karaté?

Segundo a associação, o Karaté é uma arte marcial que tem o seu próprio código de conduta (ética) herdada das filosofias orientais. Uma concepção de educação com princípios milenares que desperta diversas virtudes no indivíduo e na qual se insere uma pedagogia de disciplina, de respeito mútuo, lealdade, civismo, sinceridade, postura, humildade, modéstia, honra, autocontrole, confiança, e uma concepção que favorece a harmonia do ser com o meio onde se insere. A essência deste código de conduta no Karaté é impregnada de uma filosofia adquirida ao longo da sua história e está muito associado a um código moral forte. Historicamente, foi o Bushido (código dos Samurais) que marcou fortemente o espírito do público e dos mestres japoneses. Assim, todos se tornam mais aptos a gerir situações conflituosas, com o meio que os envolve, de uma forma pacífica.

A possibilidade de materializar a progressão dos atletas através dos exames de graduação permite incutir o valor do reconhecimento pelo seu empenho e trabalho, o que pode e deve ser transferido para a vida quotidiana.